A cultura de culpabilização da vítima no crime de estupro – “As Medusas Contemporaneas”

Fabrício Lucas de Almeida, R. Fidalgo
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Abstract

As mulheres, vitimadas dos crimes de estupro possuem a tendência de serem culpabilizadas por parte da sociedade devido o seu comportamento, pois, suas palavras passam por um juízo de valoração nesses crimes acabam, muitas vezes, sendo questionadas pelos operadores do Direito. Os números de vítimas mulheres, nos crimes de estupro são enormes segundo os dados da Organização das Nações Unidas, constatando-se uma preocupação mundial. O estupro não faz especificação da vítima e nem do agressor, e poderá esse, ser qualquer indivíduo, sem que tenha importância a idade, raça, nível cultural, classe social, dentre outros. Desta forma, o presente estudo apresenta as formas de depreciação das mulheres na forma mais lendária conhecida como: O Estupro da sacerdotisa de Atena, chamada Medusa, e tem como objetivo identificar os principais pontos controversos da cultura de culpabilização das mulheres, vítimas de estupro. Conclui-se que, no que tange aos crimes de estupro, existe um julgamento da sociedade, operadores do direito e as partes envolvidas, na contestação da palavra da vítima, no julgamento de comportamentos com previsão fora do espectro jurídico. A analogia da história da Medusa ao crime, revela uma verdade em que há mais a ser desvendado sobre seu mito. Alguns pontos não tão populares, mas que a transformam em uma das mulheres mais fortes da Mitologia Grega. Pontos que fazem relação com muito do que ainda é ser mulher, mesmo na contemporaneidade. O conto parece muito familiar: uma jovem é obrigada a fazer algo que não quer. Uma autoridade descobre. A vítima é punida, enquanto o outro/ agressor sai ileso, sem consequências. Esses fatos não podem se relacionar, sendo que, o comportamento da vítima precisa ter verificação dentro do contexto criminal. Além do mais, há uma falta de amparo da sociedade, não dando o devido apoio às vítimas do crime de estupro, o que incentiva, diversas vezes e não realizar a “denúncia” do fato para as autoridades competentes. Por fim, não é possível que haja ainda, a aceitação de uma sociedade contemporânea, na qual as mulheres sejam visualizadas de maneira tão misógina e discriminatória. Dessa forma, ao usar a Mitologia Grega até hoje em tantos momentos do nosso dia a dia, só faz sentido se for para visualizar Medusa cada vez mais pelo que ela realmente é: um símbolo da força feminina, mas que foi duplamente vitimizada: Primeiro em razão de seu estupro e segundo pela maldição a qual foi condenada por ser entendida como a culpada pelo ato.
将强奸罪归咎于受害者的文化——“当代水母”
作为强奸犯罪受害者的女性往往会因为她们的行为而受到社会的指责,因为她们的话在这些犯罪中经过评估判断,最终往往会受到法律工作者的质疑。根据联合国的数据,强奸犯罪的女性受害者数量巨大,这引起了全世界的关注。强奸既不具体说明受害者,也不说明施暴者,施暴者可以是任何个人,不分年龄、种族、文化水平、社会阶层等。因此,本研究以最具传奇意义的形式呈现了对女性的贬低形式:雅典娜的女祭司美杜莎的强奸,并旨在识别将强奸受害者女性定罪的文化中主要的争议点。结论是,对于强奸犯罪,在对受害者言论的质疑中,在对超出法律范围的预测行为的判断中,存在着社会、法律经营者和当事人的判断。美杜莎的故事与犯罪的类比揭示了一个真相,在这个真相中,关于她的神话还有更多需要揭示的。有些观点不太受欢迎,但却使她成为希腊神话中最坚强的女人之一。即使在今天,这些观点也与作为一个女人的本质有关。这个故事听起来很熟悉:一个年轻女子被迫做一些她不想做的事情。权威会发现的。受害者受到惩罚,而另一个/侵略者毫发无损地离开了,没有任何后果。这些事实可能不相关,受害者的行为需要在犯罪背景下得到验证。此外,社会缺乏支持,没有给予强奸犯罪的受害者应有的支持,这往往鼓励不向主管当局“谴责”这一事实。最后,在当代社会,女性被视为如此厌恶女性和歧视,这是不可能的。那样,用希腊神话至今生活在这么多的,只是意义如果想象真正美杜莎越来越多的是,女性美德的象征,但这更是受害者:第一在强奸,其次是诅咒的原因是因被认为是有罪的。
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