{"title":"As aulas remotas emergenciais nas Letras e a interpassividade: lições da pandemia","authors":"Marisa Corrêa Silva","doi":"10.4025/actascilangcult.v43i1.55658","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Embora o momento inicial das aulas remotas emergenciais no curso de Letras tenha feito surgir o problema dos alunos de graduação que não podem, ou não desejam, ligar a câmera, criando um vazio na tela para a qual o docente deve se dirigir, esse comportamento não é simples questão de imaturidade dos discentes. O pensamento de Žižek (2010) pode lançar luzes sobre tal questão: é uma forma de interpassividade, que é o ato de colocar ou de enviar outrem para ser passivo no meu lugar, como quando, durante um episódio de comédia televisiva, ouvem-se risadas gravadas ao final de cada piada. A gravação recebe a piada e ri por mim, desobrigando-me de fazê-lo. Para aprofundar a questão, é verificável que os docentes também se envolveram, num momento anterior, num comportamento descrito por Lacan, chamado pseudoatividade. Esta vem a ser a dedicação a um número grande de atividades cujo objetivo final, com ou sem o conhecimento de quem as pratica, é manter as estruturas vigentes inalteradas, ou o mais próximo possível disso. O objetivo deste artigo é mostrar como esses comportamentos, geralmente correlatos, podem funcionar de maneira inesperada durante a vigência do ERE, e por que a ansiedade gerada pela tela do computador cheia de logins com câmeras fechadas na sala de aula virtual é tão devastadora.","PeriodicalId":38982,"journal":{"name":"Acta Scientiarum Language and Culture","volume":"73 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2021-12-01","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Acta Scientiarum Language and Culture","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.4025/actascilangcult.v43i1.55658","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q3","JCRName":"Arts and Humanities","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Embora o momento inicial das aulas remotas emergenciais no curso de Letras tenha feito surgir o problema dos alunos de graduação que não podem, ou não desejam, ligar a câmera, criando um vazio na tela para a qual o docente deve se dirigir, esse comportamento não é simples questão de imaturidade dos discentes. O pensamento de Žižek (2010) pode lançar luzes sobre tal questão: é uma forma de interpassividade, que é o ato de colocar ou de enviar outrem para ser passivo no meu lugar, como quando, durante um episódio de comédia televisiva, ouvem-se risadas gravadas ao final de cada piada. A gravação recebe a piada e ri por mim, desobrigando-me de fazê-lo. Para aprofundar a questão, é verificável que os docentes também se envolveram, num momento anterior, num comportamento descrito por Lacan, chamado pseudoatividade. Esta vem a ser a dedicação a um número grande de atividades cujo objetivo final, com ou sem o conhecimento de quem as pratica, é manter as estruturas vigentes inalteradas, ou o mais próximo possível disso. O objetivo deste artigo é mostrar como esses comportamentos, geralmente correlatos, podem funcionar de maneira inesperada durante a vigência do ERE, e por que a ansiedade gerada pela tela do computador cheia de logins com câmeras fechadas na sala de aula virtual é tão devastadora.