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Abstract
O Haiti suportou quase solitariamente a responsabilidade de defender a humanidade dos negros no final do seculo XIX. Buscando reagir ao colonialismo na Africa e suas teorias racistas, importantes intelectuais haitianos desempenharam um papel central na criacao do movimento pan-africano que se iniciava nos anos finais do seculo e depois na criacao do movimento da negritude na decada de 1920. Esta tematica e analisada desde a perspectiva do desenvolvimento desigual e combinado da historia haitiana em relacao a historia contemporânea. Busca-se, desde uma critica historiografica e analise da producao teorica e documental dos principais autores, apresentar as tematicas que alimentaram o envolvimento dos intelectuais haitianos nos debates acerca do pan-africanismo, do novo nacionalismo pos-invasao dos EUA em 1915 e nos embates e divergencias que permearam o rumo racista do movimento da negritude dirigido pelo grupo Griots de Francois Duvalier. Buscamos desenvolver duas hipoteses para uma compreensao das provaveis inter-relacoes com o nacionalismo haitiano. Em primeiro lugar, que os movimentos pan-africano e da negritude foram essenciais nas tentativas de construcao ou reconstrucao do nacionalismo do comeco do seculo XX. Em segundo lugar, que os limites e restricoes desses dois movimentos a uma abordagem economica e social da questao negra abriram caminho a uma biologizacao racista e autoritaria do discurso em defesa dos negros e do proprio nacionalismo, com provaveis repercussoes nos atuais movimentos identitarios negros.