{"title":"Ofício de vestibulando: impasses da juventude na transição para o ensino superior","authors":"A. S. Senkevics, M. Carvalho","doi":"10.1590/s1678-4634202349260961","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo A expansão do ensino superior, observada desde os anos 1990, deu origem a uma primeira geração de jovens que chega à condição de vestibulandos. Esse fenômeno modifica as perspectivas de futuro dos jovens, que alcançam, na década de 2010, a maior longevidade escolar observada na história. No entanto, tensionadas pelas instabilidades políticas e econômicas pós-2015, as expectativas de acesso ao ensino superior são desafiadas em um cenário de incertezas e impasses. Pensando nisso, esta pesquisa baseia-se em um trabalho de campo realizado em Brasília (DF) que contou com visitas a três cursos pré-vestibulares comunitários, a fim de selecionar vinte vestibulandos para entrevistas semiestruturadas. Argumentamos que os jovens percebem a ocorrência de uma ruptura relacionada ao desajuste entre uma postura de estudante vivenciada até então e uma postura esperada de um jovem na preparação ao vestibular – condição a que chamamos de “ofício de vestibulando”. Esse ofício envolve quatro pilares: o engajamento na rotina de estudo, o conhecimento das regras do jogo, a negociação de um projeto familiar e a experiência com as incertezas do futuro próximo. Em maior ou menor grau, todos os entrevistados habitavam um não lugar da transição médio-superior e orbitavam em torno das possibilidades e desafios para construir tal ofício. Como lidam com esses elementos é revelador de impasses vivenciados pela juventude na transição para o ensino superior.","PeriodicalId":35419,"journal":{"name":"Educacao e Pesquisa","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-04-28","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"2","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Educacao e Pesquisa","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.1590/s1678-4634202349260961","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"Q4","JCRName":"Social Sciences","Score":null,"Total":0}
引用次数: 2
Abstract
Resumo A expansão do ensino superior, observada desde os anos 1990, deu origem a uma primeira geração de jovens que chega à condição de vestibulandos. Esse fenômeno modifica as perspectivas de futuro dos jovens, que alcançam, na década de 2010, a maior longevidade escolar observada na história. No entanto, tensionadas pelas instabilidades políticas e econômicas pós-2015, as expectativas de acesso ao ensino superior são desafiadas em um cenário de incertezas e impasses. Pensando nisso, esta pesquisa baseia-se em um trabalho de campo realizado em Brasília (DF) que contou com visitas a três cursos pré-vestibulares comunitários, a fim de selecionar vinte vestibulandos para entrevistas semiestruturadas. Argumentamos que os jovens percebem a ocorrência de uma ruptura relacionada ao desajuste entre uma postura de estudante vivenciada até então e uma postura esperada de um jovem na preparação ao vestibular – condição a que chamamos de “ofício de vestibulando”. Esse ofício envolve quatro pilares: o engajamento na rotina de estudo, o conhecimento das regras do jogo, a negociação de um projeto familiar e a experiência com as incertezas do futuro próximo. Em maior ou menor grau, todos os entrevistados habitavam um não lugar da transição médio-superior e orbitavam em torno das possibilidades e desafios para construir tal ofício. Como lidam com esses elementos é revelador de impasses vivenciados pela juventude na transição para o ensino superior.
期刊介绍:
EDUCAÇÃO E PESQUISA é uma publicação quadrimestral da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP. Publicada desde 1975, a revista aceita artigos em português, francês, espanhol e inglês. Publica artigos inéditos na área de educação, em especial resultados de pesquisa de caráter teórico ou empírico, revisões da literatura de pesquisa educacional e reflexões críticas sobre experiências pedagógicas.