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Abstract
Os fenómenos de sinestesia são entendidos e referidos de forma diferente dentro da Psicologia e da Retórica clássica. Ambas as áreas entendem a sinestesia como uma perceção que cruza estímulos de diferentes áreas sensoriais, verificando-se quando o indivíduo refere determinada perceção através de estímulos de uma área percetiva habitualmente ligados a uma outra área de perceção (associar, por exemplo, letras a cores). Dentro da Psicologia, a sinestesia é habitualmente ligada às patologias, considerando-se as ligações sinestésicas como ligações não normais; dentro da Retórica clássica, é entendida como um artifício da linguagem (uma “figura de estilo”) que permite embelezar a expressividade verbal.
Os estudos mais recentes dentro da cognição, no entanto, parecem evidenciar a não aleatoriedade completa das sinestesias, mesmo dentro dos chamados cérebros sinestetas. A ser assim, os fenómenos ditos de sinestesia, como associar uma cor a uma letra, a um som, a uma palavra ou frase não diretamente referente a cor, não serão tão aleatórios como aparentemente pareciam ser.
Para tentar perceber a maior ou menor arbitrariedade e aleatoriedade da associação entre cores e estruturas linguísticas de significado relativamente autónomo como os provérbios, realizamos 843 inquéritos que incluíam 9 provérbios não diretamente ligados a cor (como por exemplo “quem tudo quer, tudo perde”). Pedia-se que o inquirido associasse uma cor ao provérbio apresentado. A finalidade será a de, desta forma, verificar até que ponto se pode encontrar alguma sistematicidade no processamento linguístico-cognitivo de associação entre a cor o significado de palavras e frases que não incluem referências diretas a cores.