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Abstract
É à luz de um eixo querigmático da esperança e da liberdade que Ricoeur busca uma aproximação “da maturidade” entre fi losofi a e teologia. O querigma funciona como passaporte para uma nova inteligência. A esperança é uma espécie de “descentramento”, entre metáfora e parábolas, por um lado, e extravagância das coisas narradas e Reino, por outro. Em O si-próprio no espelho das Escrituras (presente em Amour et justice) Ricoeur afirma algo fundamental a partir dessa relação. Se a função do símbolo em Ricoeur é confi gurar o espaço do significado, o símbolo em Lacan é desvinculado de qualquer questão de significado. Sua função, diz ele, é até mesmo “não significar nada”. Um confronto estreito entre Lacan e Ricoeur em torno desses três temas – o simbólico, o real e o imaginário – é útil para descrever os possíveis obstáculos da representação em relação à interpretação das alegações escatológicas, pois a imaginação em Ricoeur tem fundamentalmente a ver com o poder criativo (poético-metafórico) da linguagem, enquanto a imaginação em Lacan se refere a um efeito de alienação na imagem que, precisamente, difi culta a criatividade da vida subjetiva.