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Abstract
O artigo discute a relação entre o deslocamento espacial e a formação do self nas trajetórias dos protagonistas de O encontro marcado, de Fernando Sabino, e O ventre, de Carlos Heitor Cony, tomados como representantes do Bildungsroman brasileiro dos anos 1950. Busca-se entender como aquela relação manifestava uma nova imagem do self no nosso romance, em personagens inadaptados aos seus meios de origem e impelidos a processos conflitivos de afirmação existencial. Analisa-se a viagem como tópica que dava fisicalidade a tais processos, dramatizando a busca de modos de acomodação na sociedade a serem descobertos na própria experiência do mundo. Para descrever aquela tópica, usa-se o conceito de “mapa” (KOCKELMAN, 2012) para analisar a influência de valores na construção de sujeitos e mundos sociais: especificamente, observa-se como a função existencial da viagem ecoava valores inicialmente formulados no primeiro romantismo. Para explicar porque esses valores adquiriram relevância no Brasil dos anos 1950 e assim evidenciar a importância que o Bildungsroman então assumiu em nossa literatura, argumenta-se que o gênero dava expressão a angústias de uma juventude presa na transição entre modelos de vida fundados na obediência a instituições tradicionais e a plena legitimação da construção dos próprios modos de vida, que seria estabelecida apenas em gerações posteriores. Ao final, faz-se uma breve digressão sobre a relação entre o corpus analisado e versões posteriores do self no romance brasileiro.