Angela Maria Rubel Fanini, Erike Luiz Vieira Feitosa
{"title":"O Discurso da revista The Economist e sua tese sobre a improdutividade brasileira: uma análise dialógica","authors":"Angela Maria Rubel Fanini, Erike Luiz Vieira Feitosa","doi":"10.15603/2175-7755/cs.v42n1p75-106","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo consiste em uma análise dialógica do discurso (ADD) de viés bakhtiniano que tem por objeto uma reportagem publicada pela revista britânica The Economist em 2014 sobre a suposta improdutividade do trabalhador brasileiro. O estudo apresenta conceitos e princípios epistemológicos que fundamentam a abordagem teórico-metodológica e possibilitam a investigação do posicionamento axiológico da revista. Identifica que, orientada pelas premissas macroeconômicas da ideologia neoliberal, a publicação recorre a um estereótipo de longa duração que corresponde à imagem do brasileiro culturalmente preguiçoso, ideia utilizada para justificar a defesa de que o país precisava, naquele momento, reaproximar-se, política e economicamente, do neoliberalismo, abandonando a heterodoxia keynesiana. Aponta que a revista oblitera as consequências sociais da racionalidade econômica-expansionista e reifica o trabalhador brasileiro, tratando a sua produtividade no trabalho, considerada baixa, como uma questão patológica, sendo a prescrição de medidas liberalizantes a cura para a doença do país e do trabalhador. O artigo conclui que esse discurso interfere na constituição de uma consciência de si dos brasileiros.Palavras-chave: Neoliberalismo e keynesianismo. Trabalhador brasileiro. Trabalhador improdutivo. Análise dialógica de discursos jornalísticos.","PeriodicalId":31285,"journal":{"name":"Comunicacao Sociedade","volume":"42 1","pages":"75-106"},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2020-08-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Comunicacao Sociedade","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v42n1p75-106","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Este artigo consiste em uma análise dialógica do discurso (ADD) de viés bakhtiniano que tem por objeto uma reportagem publicada pela revista britânica The Economist em 2014 sobre a suposta improdutividade do trabalhador brasileiro. O estudo apresenta conceitos e princípios epistemológicos que fundamentam a abordagem teórico-metodológica e possibilitam a investigação do posicionamento axiológico da revista. Identifica que, orientada pelas premissas macroeconômicas da ideologia neoliberal, a publicação recorre a um estereótipo de longa duração que corresponde à imagem do brasileiro culturalmente preguiçoso, ideia utilizada para justificar a defesa de que o país precisava, naquele momento, reaproximar-se, política e economicamente, do neoliberalismo, abandonando a heterodoxia keynesiana. Aponta que a revista oblitera as consequências sociais da racionalidade econômica-expansionista e reifica o trabalhador brasileiro, tratando a sua produtividade no trabalho, considerada baixa, como uma questão patológica, sendo a prescrição de medidas liberalizantes a cura para a doença do país e do trabalhador. O artigo conclui que esse discurso interfere na constituição de uma consciência de si dos brasileiros.Palavras-chave: Neoliberalismo e keynesianismo. Trabalhador brasileiro. Trabalhador improdutivo. Análise dialógica de discursos jornalísticos.