Philipp Roman Jung, G. Assis, Michelle Maria Stakonski Cechinel
{"title":"AQUI PARA FICAR OU SÓ DE PASSAGEM? EXPERIÊNCIAS MIGRATÓRIAS DE SENEGALESES E GANESES NO BRASIL","authors":"Philipp Roman Jung, G. Assis, Michelle Maria Stakonski Cechinel","doi":"10.33148/CES2595-4091V.33N.220181771","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Os últimos anos testemunharam um aumento na entrada de migrantes africanos no Brasil e na América do Sul em geral. Os senegaleses representam um dos maiores grupos deste novo movimento migratório. A literatura especializada sugere que o desenvolvimento de novos corredores de migração intercontinental sul-sul é, por um lado, resultado do desenvolvimento econômico e geopolítico na região, enquanto que, por outro lado, as dificuldades na migração para a Europa conduzem os senegaleses, ganeses e outros imigrantes africanos a buscarem alternativas e expandir seu horizonte migratório para outros continentes. Embora as migrações tenham sido sempre complexas e heterogêneas, a rapidez com que os fluxos migratórios atuais emergem, mudam de direção ou composição e desenvolvem novos padrões é notável. As dimensões espaciais e temporais da migração tornam-se cada vez mais não-lineares e a distinção entre ‘país de trânsito’ e ‘de destino’ fica menos evidente no contexto de mudanças rápidas e transformações globais o que coloca as dificuldades de categorizar esses fluxos. Os imigrantes recentes no Brasil têm que se adaptar às mudanças das condições durante a migração; eles precisam constantemente refletir sobre as circunstâncias que encontram, identificar novas oportunidades e obstáculos e reagir a eles. Esse artigo tem o intuito de compreender como os migrantes navegam através de estruturas em mudança durante a migração para e dentro do Brasil, bem como apresenta alguns dados empíricos sobre o desenvolvimento de novos corredores migratórios entre alguns países africanos e o Brasil. O presente trabalho concentra-se nos padrões de mobilidade, tanto antes quanto depois da chegada ao Brasil, e tenta conectar esses padrões com a agência dos migrantes. Ao analisar os padrões de movimento e a forma como e por que as decisões e aspirações da migração podem mudar ao longo do curso da migração, o trabalho aborda sobretudo as dimensões espaciais e temporais deste caso específico de migração sul-sul.","PeriodicalId":52766,"journal":{"name":"Cadernos de Estudos Sociais","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-02-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"1","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Cadernos de Estudos Sociais","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.33148/CES2595-4091V.33N.220181771","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Os últimos anos testemunharam um aumento na entrada de migrantes africanos no Brasil e na América do Sul em geral. Os senegaleses representam um dos maiores grupos deste novo movimento migratório. A literatura especializada sugere que o desenvolvimento de novos corredores de migração intercontinental sul-sul é, por um lado, resultado do desenvolvimento econômico e geopolítico na região, enquanto que, por outro lado, as dificuldades na migração para a Europa conduzem os senegaleses, ganeses e outros imigrantes africanos a buscarem alternativas e expandir seu horizonte migratório para outros continentes. Embora as migrações tenham sido sempre complexas e heterogêneas, a rapidez com que os fluxos migratórios atuais emergem, mudam de direção ou composição e desenvolvem novos padrões é notável. As dimensões espaciais e temporais da migração tornam-se cada vez mais não-lineares e a distinção entre ‘país de trânsito’ e ‘de destino’ fica menos evidente no contexto de mudanças rápidas e transformações globais o que coloca as dificuldades de categorizar esses fluxos. Os imigrantes recentes no Brasil têm que se adaptar às mudanças das condições durante a migração; eles precisam constantemente refletir sobre as circunstâncias que encontram, identificar novas oportunidades e obstáculos e reagir a eles. Esse artigo tem o intuito de compreender como os migrantes navegam através de estruturas em mudança durante a migração para e dentro do Brasil, bem como apresenta alguns dados empíricos sobre o desenvolvimento de novos corredores migratórios entre alguns países africanos e o Brasil. O presente trabalho concentra-se nos padrões de mobilidade, tanto antes quanto depois da chegada ao Brasil, e tenta conectar esses padrões com a agência dos migrantes. Ao analisar os padrões de movimento e a forma como e por que as decisões e aspirações da migração podem mudar ao longo do curso da migração, o trabalho aborda sobretudo as dimensões espaciais e temporais deste caso específico de migração sul-sul.