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Abstract
Nos primeiros séculos da Era Comum, foi ampla a utilização da literatura atribuída a Enoque entre os cristãos, principalmente o livro de I Enoque, mas também, de forma mais discreta, os escritos de II Enoque e III Enoque (este o que menos exerceu influência). O posicionamento oficial, no cristianismo ocidental, que descredenciou essa tradição como literatura útil à religiosidade cristã, deu-se no Concílio de Laodiceia (século VI) ao estabelecer que os únicos nomes de anjos reconhecidos como sagrados seriam Miguel, Gabriel e Rafael, afastando I Enoque (que cita vários nomes de anjos) o cenário exegético cristão ocidental por séculos. Entre os judeus, a literatura foi bastante influente até o Concílio de Jâmnia, final do século I, que considerou como sagrados para a religião os textos produzidos nos limites da Terra Santa, em língua hebraica, marginalizando I Enoque redigido originalmente em aramaico. Porém, o mesmo não aconteceu em algumas regiões do Oriente onde o Cristianismo continuou a utilizar-se do escrito. Partindo do prisma de que o Islamismo é uma religião monoteísta cujo nascedouro produziu intercâmbios intensos com literaturas judaico- cristãs, o artigo aponta para uma plausível influência do livro de I Enoque na construção da apocalíptica islâmica tomando como base comparativa o livro La Escala de Mahoma. O artigo é de natureza bibliográfica e está estruturado sobre o método comparativo, objetivando apresentar confluências narratológicas entre os escritos.