{"title":"NOTA SOBRE A NOÇÃO DE CULTURA E SUA RELAÇÃO COM A DE CIVILIZAÇÃO: O OCIDENTE COMO OBSERVATÓRIO DAS FORMAS DE VIDA SOCIAL","authors":"Carolina Rodríguez-Alcalá","doi":"10.5902/2179219436583","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Um aspecto central no conhecido debate em torno dos termos civilização e cultura surgido na Europa entre os séculos XVII e XVIII é o olhar mais prescritivo ou descritivo que eles projetam sobre as formas de vida social e seus efeitos na constituição de conceitos que são fundamento das ciências sociais modernas, em particular, da Antropologia. Embora não sem ambivalências, entrecruzamentos e superposições de significação, existe um certo consenso em associar civilização a uma perspectiva eurocêntrica, que tomaria as formas de vida ocidentais como modelo; a invenção do conceito moderno de cultura teria coincidido com o questionamento dessa perspectiva e a constituição de uma postura mais neutra, que definiria toda e qualquer forma de vida como uma entidade coerente e autônoma, que pode e dever ser analisada a partir de categorias próprias. O objetivo do presente trabalho é problematizar essa ideia, sustentando que tanto um como outro termo atualizam, através de percursos de sentido diferentes, uma memória urbana ocidental, a partir das quais são descritas – e hierarquizadas — as diferentes sociedades, o que afetará a constituição tanto do senso comum (os sentidos das palavras) como das ciências (os sentidos dos conceitos). Nosso intuito, com isso, é reconhecer a historicidade de nossas ideias sobre a natureza humana e sua diversidade, sustentando que o olhar é sempre situado no tempo e no espaço e afetado pelas condições políticas particulares em que se inscreve.","PeriodicalId":32932,"journal":{"name":"Fragmentum","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2018-12-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"4","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Fragmentum","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5902/2179219436583","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Um aspecto central no conhecido debate em torno dos termos civilização e cultura surgido na Europa entre os séculos XVII e XVIII é o olhar mais prescritivo ou descritivo que eles projetam sobre as formas de vida social e seus efeitos na constituição de conceitos que são fundamento das ciências sociais modernas, em particular, da Antropologia. Embora não sem ambivalências, entrecruzamentos e superposições de significação, existe um certo consenso em associar civilização a uma perspectiva eurocêntrica, que tomaria as formas de vida ocidentais como modelo; a invenção do conceito moderno de cultura teria coincidido com o questionamento dessa perspectiva e a constituição de uma postura mais neutra, que definiria toda e qualquer forma de vida como uma entidade coerente e autônoma, que pode e dever ser analisada a partir de categorias próprias. O objetivo do presente trabalho é problematizar essa ideia, sustentando que tanto um como outro termo atualizam, através de percursos de sentido diferentes, uma memória urbana ocidental, a partir das quais são descritas – e hierarquizadas — as diferentes sociedades, o que afetará a constituição tanto do senso comum (os sentidos das palavras) como das ciências (os sentidos dos conceitos). Nosso intuito, com isso, é reconhecer a historicidade de nossas ideias sobre a natureza humana e sua diversidade, sustentando que o olhar é sempre situado no tempo e no espaço e afetado pelas condições políticas particulares em que se inscreve.