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Abstract
Este artigo advém de um mapeamento elaborado sobre autoras moçambicanas (2016-2017), no âmbito de pós-doutoramento. Desta pesquisa, resultou o livro Cartografias em construção – Algumas escritoras de Moçambique (EDUFRB, 2019). O livro O canto dos escravizados (NANDYALA, 2018), de Paulina Chiziane, a moçambicana contadora de história, destaca-se neste texto. O seu foco discursivo agencia entendimentos sobre as baladas memorialísticas e a recorrência do mar como um ambiente de memórias inventadas por vozes e brados presentes na obra. O objetivo deste texto é apresentar algumas leituras descritivo-interpretativas dos “textos em versos”, como a autora caracteriza as narrativas, com ênfase na compreensão das odes como invenções de memórias do que se quer lembrado, mas também esquecido, relacionado com a escravidão de africanos(as) nas Américas. Espera-se, com este texto, o incentivo à leitura de O canto dos escravizados e o entendimento de que lembrar, semelhante aos “textos em versos”, pode significar um processo de imersão no passado, implicando esquecer e/ou revogar lembranças e inventar o tempo presente.