Ana Catarina Camões, Maria Inês Melo Ferreira, Ana Teresa Fróis, J. C. Silva, Cassilda Costa, R. S. Correia, F. Ferreira
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Abstract
INTRODUÇÃO: Durante a pandemia COVID-19, os quadros de burnout parecem ter-se agravado nos médicos. Como tal, pretendeu-se determinar a prevalência de burnout, reflexo da pandemia COVID-19, nos médicos de família de um Agrupamento de Centros de Saúde.MATERIAL E MÉTODOS: Estudo analítico descritivo transversal, com questionário anónimo de autorresposta, durante abril e maio de 2021. Aplicação do Maslach Burnout Inventory-Health Services Survey.RESULTADOS: Obtiveram-se 60 respostas válidas. Amostra predominantemente feminina (82%), entre os 36 e 45 anos (53%). Trabalhavam numa Unidade de Saúde Familiar 78%, e 22% numa Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados. Afirmaram ter pensado mudar de profissão, instituição ou serviço no último mês, 52%. Apresentaram elevada exaustão emocional 70%, 40% elevada despersonalização e 45% baixa realização pessoal. Apresentaram burnout 32%. A exaustão emocional foi maior para carga horária semanal >40 horas (p=0,011). Baixa realização pessoal (p=0,004) e burnout (p=0,034) revelaram-se mais prevalentes nas faixas etárias mais baixas. Não se observaram relações estatisticamente significativas entre burnout e sexo ou local de trabalho.DISCUSSÃO: A prevalência estimada de burnout nos médicos de família é duas vezes superior à de 2016 na zona norte e oito vezes superior à nacional de 2012. Dada a relação temporal, é provável existir uma relação deste aumento de prevalência com a pandemia COVID-19. A maior prevalência de burnout nos mais jovens poderá evidenciar estratégias de coping com o stress ocupacional menos efetivas.CONCLUSÃO: A prevenção do burnout nos médicos de família deve ser uma prioridade, dada a sua elevada prevalência e impacto na saúde mental, bem como forma de prevenção quinquenária em saúde.