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Abstract
Neste artigo, especialmente a partir dos estudos de bell hooks (2019a; 2019b) e de Grada Kilomba (2019) acerca das discussões em torno de representação, voz e racismo, pretende-se apresentar algumas reflexões em torno da ocupação de espaços predominantemente masculinos, brancos e heterossexuais por parte de mulheres negras em um contexto em que se recuperam as posições coloniais de sujeito e objeto. Para tanto, coloca-se em diálogo a candidatura e eleição, em Portugal, da deputada Joacine Katar Moreira, sob ataques racistas e o romance Luanda, Lisboa, Paraíso (2019), de Djaimilia Pereira de Almeida, no qual se revelam marcas do passado colonial sob as práticas diárias de racismo em Lisboa. A par disso, propõe-se que a mudança da realidade violenta do racismo pressupõe a ocupação cada vez maior de espaços de representação, onde as vozes de mulheres negras se façam ouvir.