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Abstract
O presente ensaio esboça brevemente a relação entre Tempo, trabalho e dominação social, a principal obra de Moishe Postone, e uma linha de desenvolvimento filosófico da qual, por ser uma teoria crítica, ela seria inerentemente uma aliada: o trabalho de Theodor Adorno, tal como é paradigmaticamente realizado no “ensaio como forma”, expressão que aqui serve de apóstrofe ao modo de Adorno proceder como um todo, e não como uma referência estrita a seu conhecido ensaio. Ainda que o estudo de Postone almeje e seja uma reflexão dialética, ele busca a univocidade. E, ao se alinhavar dessa forma, repudiando toda divagação, como uma forma de análise categorial, ele se diferencia decisivamente do ensaio como forma por rejeitar a crítica imanente. Porém, embora reconheçamos o alcance da exclusividade mútua entre o ensaio como forma enquanto crítica imanente e uma análise categorial sistemática da totalidade – como a de Postone –, essa antipatia não precisa ser entendida como sendo obrigatoriamente improdutiva. Caso perseguida, ela pode até vir a ter implicações para a liberação de tudo aquilo que está contido como um híbrido na expressão “marxismo tradicional”, desprendendo das aspas a experiência histórica e mesmo as palavras nela alojadas, sem colocar em risco a reflexão sistemática do Marx maduro que Moishe acertadamente desejava discernir e elucidar.