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Abstract
A análise epistemológica das práticas das ciências da saúde vem se tornando mais presente no debate filosófico nas últimas décadas, e se torna premente diante do contexto dramático da pandemia em que atualmente vivemos. Para contribuir com a essa análise, o presente artigo apresenta uma introdução às temáticas da filosofia da medicina e da filosofia da epidemiologia, especialmente o exame do papel da causalidade, conceito fundamental para a compreensão da relação entre saúde e doença. A noção de causa INUS, formulada pelo filósofo J. L. Mackie e adaptada para a epidemiologia por Kenneth Rothman, permite retratar com precisão as interações multicausais que cooperam para a alteração de um estado de saúde. Contudo, o modelo visual de Rothman não contempla conceitos importantes da epidemiologia, imprecisão que busco sanar com uma proposta de representação temporal do conjunto multicausal que, dentre outras coisas, facilita o planejamento de intervenções pontuais que visem a impedir a instalação de uma doença. A delimitação do conjunto causal também é posta em questão, uma vez que a perspectiva multicausal não delimita intrinsecamente qualquer critério acerca de onde finalizar a seleção de fatores causais. Aponto para a manipulabilidade como a abordagem própria das ciências da saúde para a seleção dos fatores nos quais intervir, e que o reconhecimento dessa perspectiva é importante para a própria compreensão filosófica da causalidade.