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Abstract
Searle defende a perspectiva – historicamente associada a Descartes – segundo a qual a consciência é a essência da mente. Isso gera complicações para que ele possa explicar a existência de fenômenos mentais inconscientes – existência que o próprio Searle aceita. Sua estratégia para conciliar (1) a essencialidade da consciência com (2) a existência de fenômenos mentais inconscientes é recorrer a uma teoria disposicional: estados inconscientes existem na forma de disposições (propensões, potenciais) para a causação de estados conscientes. O presente artigo se concentra em uma dificuldade enfrentada por essa teoria, dificuldade decorrente da eficácia causal que o próprio Searle atribui aos fenômenos mentais inconscientes. Se um fenômeno inconsciente causa uma determinada ação, então ele o faz em virtude de suas propriedades mentais (como o (a) aspecto qualitativo de sensações, ou (b) o conteúdo representativo de desejos), mas se estas propriedades mentais desempenham um papel essencial na causação, então elas existem efetivamente, o que significa que o fenômeno inconsciente possui uma existência mental independente da consciência, o que contradiz a visão cartesiana da consciência como a essência do mental.