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Abstract
Apesar de estudos anteriores já terem evidenciado a importância do culto a Tiradentes ao longo do governo Vargas (1930-1945), a presente pesquisa objetiva compreendê-la especificamente a partir do discurso oficial do regime. Para isso, este artigo analisa as políticas culturais desenvolvidas pelo Ministério da Educação e Saúde (MES) e pelos órgãos de propaganda da ditadura do Estado Novo, as quais tiveram o intuito de valorizar a Inconfidência Mineira e heroificar os envolvidos nesse movimento, especialmente Tiradentes. Adotam-se como fontes principais livros produzidos pelo MES, pelo Departamento Nacional de Propaganda (DNP) e pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Além delas, recorre-se a jornais e a documentos localizados no Arquivo Nacional e no CPDOC/FGV. Com base na noção de “usos políticos do passado”, o artigo conclui que o MES, o DNP e o DIP foram os principais patrocinadores do culto a Joaquim José da Silva Xavier. Nas políticas culturais desenvolvidas por eles, valores atribuídos ao personagem, como coragem, patriotismo e apego à liberdade, à defesa nacional, à unidade do país e aos interesses coletivos em detrimento dos individuais, foram estimulados e despertados na população, de modo a que todos amassem o Brasil e ajudassem o governo no combate ao comunismo e aos países do Eixo. No entanto, apesar de tal valorização, o período foi marcado também por versões negativas sobre a Inconfidência, que rivalizavam com a que estava sendo construída pelo ministério de Gustavo Capanema e pelos órgãos de propaganda do governo Vargas, dando origem a batalhas de memória.