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Abstract
O Sertão foi elaborado discursivamente como ponto de articulação de dualidades como: moderno verso tradicional; árido verso próspero; feliz verso sofrido; etc. e sobretudo como espaço de mediação de uma retórica das ausências. As narrativas das ausências relacionadas ao Sertão nordestino tiveram início a partir da estiagem de 1977, marcando profundamente desde então as diferentes representações que envolvem o lugar. Existem nessas construções discursivas e imagéticas aspectos que se assemelham às retóricas criadas sobre o Oriente (SAID, 1990) e uma perspectiva abissal dos significados criados sobre “o Nordeste”, manifestos pelos mais diferentes meios de produção cultural. Mas será que toda produção passa por um reforço das retóricas de dominação do outro? Dentre os modos de “narrar” o Sertão alguns indivíduos ganham destaque pela sua atuação na construção de uma visão de Nordeste. Nesse artigo trazemos a perspectiva forjada pela fotografia contemporânea de Tiago Santana que assinala o desejo de compreender seu espaço de origem por meio do encadeamento de suas representações imagéticas para problematizar as produções discursivas sobre o Sertão.