{"title":"A travesti, a onça pintada e a sucuri: reflexões sobre regime de visibilidade no Pantanal, MS","authors":"Tiago Duque","doi":"10.5902/2236672536923","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo discute regime de visibilidade a partir da experiência de uma travesti que vive na cidade de Corumbá, MS. A cidade fica no Pantanal e faz fronteira com a Bolívia. Por meio de etnografia, percebe-se que a gestão da visibilidade em termos de gênero e sexualidade não deixa passar incólume os códigos e valores da realidade pantaneira, como, por exemplo, a onça pintada e a sucuri, animais espetacularizados pela mídia e hiper valorizados pelos turistas. Esses animais são compreendidos na análise como agindo de forma cultural-natural. Através de referencial teórico multidisciplinar, que vão dos estudos de gênero aos fronteiriços e pantaneiros, a onça pintada e a sucuri são problematizadas como sendo performáticos e protéticos. Os relatos de campo contam sobre a incorporação e a performance da travesti com esses animais em eventos públicos na cidade, como o Amistoso da Diversidade e o Carnaval. Conclui-se que, considerando a realidade fronteiriça e pantaneira, o regime de visibilidade estrategicamente manipulado pela travesti e por outros/as efeminados/as da cidade, os/as colocam em um lugar de reconhecimento social diante de diferentes grupos da cidade, além de produzir uma diferenciação valorativa da identidade nacional diante de um “Outro” desvalorizado.","PeriodicalId":30987,"journal":{"name":"Seculo XXI Revista de Ciencias Sociais","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2019-10-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Seculo XXI Revista de Ciencias Sociais","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5902/2236672536923","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo discute regime de visibilidade a partir da experiência de uma travesti que vive na cidade de Corumbá, MS. A cidade fica no Pantanal e faz fronteira com a Bolívia. Por meio de etnografia, percebe-se que a gestão da visibilidade em termos de gênero e sexualidade não deixa passar incólume os códigos e valores da realidade pantaneira, como, por exemplo, a onça pintada e a sucuri, animais espetacularizados pela mídia e hiper valorizados pelos turistas. Esses animais são compreendidos na análise como agindo de forma cultural-natural. Através de referencial teórico multidisciplinar, que vão dos estudos de gênero aos fronteiriços e pantaneiros, a onça pintada e a sucuri são problematizadas como sendo performáticos e protéticos. Os relatos de campo contam sobre a incorporação e a performance da travesti com esses animais em eventos públicos na cidade, como o Amistoso da Diversidade e o Carnaval. Conclui-se que, considerando a realidade fronteiriça e pantaneira, o regime de visibilidade estrategicamente manipulado pela travesti e por outros/as efeminados/as da cidade, os/as colocam em um lugar de reconhecimento social diante de diferentes grupos da cidade, além de produzir uma diferenciação valorativa da identidade nacional diante de um “Outro” desvalorizado.