{"title":"Da terra humana à emergência de um \"humanismo\" ecológico nas palavras de Davi Kopenawa endereçadas aos brancos","authors":"Janaina Tatim","doi":"10.20396/remate.v42i2.8670935","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste artigo, tomo como ponto de partida a observação de que o livro A queda do céu, do xamã yanomami Davi Kopenawa em coautoria com o antropólogo Bruce Albert, foi elaborado no chão editorial da Coleção Terre Humaine, que disputa historicamente um viés Humanista como orientação para o conhecimento produzido no meio letrado. Mapeando esse viés, comparo certas mediações editoriais, a saber, o entendimento de humanismo e de humano, com o modo como essas noções podem ser entendidas a partir da perspectiva xamânica de Kopenawa. Argumento sobre como ela, ao mesmo tempo em que expande a compreensão do humano, o reivindica como uma condição ecológica. Se por um lado a perspectiva de Kopenawa fala de uma humanidade não só humana, divergente do antropocentrismo narcisista do Humanismo ocidental, por outro lado, o apelo de suas palavras é dirigido especificamente aos ditos humanos, uma vez que estes se tornaram os agentes privilegiados da destruição da terra-floresta. O artigo mostra de que forma o pensamento de Davi Kopenawa, elaborado no centro da ecologia e enquanto um livro endereçado a nós, traz a necessidade da expansão do sentido de humano, tanto como produção de conhecimento e reconhecimento, quanto como princípio para o enfretamento das grandes interrogações acerca do futuro da Humanidade perante o colapso ambiental.","PeriodicalId":32941,"journal":{"name":"Remate de Males","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2023-02-27","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Remate de Males","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.20396/remate.v42i2.8670935","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERARY THEORY & CRITICISM","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Neste artigo, tomo como ponto de partida a observação de que o livro A queda do céu, do xamã yanomami Davi Kopenawa em coautoria com o antropólogo Bruce Albert, foi elaborado no chão editorial da Coleção Terre Humaine, que disputa historicamente um viés Humanista como orientação para o conhecimento produzido no meio letrado. Mapeando esse viés, comparo certas mediações editoriais, a saber, o entendimento de humanismo e de humano, com o modo como essas noções podem ser entendidas a partir da perspectiva xamânica de Kopenawa. Argumento sobre como ela, ao mesmo tempo em que expande a compreensão do humano, o reivindica como uma condição ecológica. Se por um lado a perspectiva de Kopenawa fala de uma humanidade não só humana, divergente do antropocentrismo narcisista do Humanismo ocidental, por outro lado, o apelo de suas palavras é dirigido especificamente aos ditos humanos, uma vez que estes se tornaram os agentes privilegiados da destruição da terra-floresta. O artigo mostra de que forma o pensamento de Davi Kopenawa, elaborado no centro da ecologia e enquanto um livro endereçado a nós, traz a necessidade da expansão do sentido de humano, tanto como produção de conhecimento e reconhecimento, quanto como princípio para o enfretamento das grandes interrogações acerca do futuro da Humanidade perante o colapso ambiental.