De solução renegada a política ‘estrela’: o que levou à emissão de dívida conjunta na UE

Ana Matos Neves
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Abstract

Em 10 anos de crises na União Europeia (UE), as respostas dadas à recessão financeira de 2008 e às consequências económicas da pandemia de COVID-19 em 2020 são diferentes: da austeridade passou-se à solidariedade. Esta mudança de rumo comunitário foi possível porque os Estados-membros, a quem cabe decidir o trajeto das políticas na UE, concordaram com a emissão conjunta de dívida para financiar a recuperação pós-crise da COVID-19, uma solução rejeitada na crise financeira de 2008. Esta investigação visa compreender porque é que isso aconteceu, atentando em “O que mudou em 10 anos de crises na UE para a emissão de dívida conjunta na UE deixar de ser rejeitada pelos Estados-membros para ser vista como uma política ‘estrela’”. Recorrendo à literatura existente sobre o processo de decisão política nas duas crises, a conteúdos mediáticos e a estudos de opinião pública, argumento neste ensaio que, na resposta dada à crise da COVID-19 em contraste com a da anterior recessão, pesaram fatores como a mudança de comportamento dos Estados-membros durante as negociações com o reavivar do eixo franco-alemão em prol de medidas conjuntas; os impactos da pandemia que motivaram mais solidariedade entre os 27; a necessidade de resolver consequências da anterior recessão; os resultados dos anos de austeridade que geraram agitação social, euroceticismo e politização; a prevenção de agravamento do défice democrático na UE; e ainda a influência dos meios de comunicação social à tomada de decisões comuns. A inovação que trago reside na análise da resposta a este fenómeno desconhecido, a crise pandémica, por parte de 27 Estados soberanos que abdicam da sua competência exclusiva na área orçamental para avançar com emissão de dívida conjunta de cariz supranacional, num interesse comum de responder às consequências económicas que contrasta com a resposta intergovernamental dada à anterior recessão. Por ter sido bem-sucedida em termos económicos e por ter sido aceite pela opinião pública, esta é hoje uma política ‘estrela’ na UE.  
从叛变的解决方案到“明星”政策:这导致了欧盟的联合债务发行
在欧洲联盟(欧盟)10年的危机中,对2008年金融衰退和2020年新冠肺炎疫情的经济后果的反应是不同的:从紧缩到团结。由于负责决定欧盟政策方向的成员国同意共同发行债务,为新冠肺炎危机后复苏提供资金,这一解决方案在2008年金融危机中被否决,因此共同体有可能改变方向。这项研究旨在了解为什么会发生这种情况,着眼于“在欧盟10年的危机中,欧盟联合发债的变化不再被成员国视为‘明星’政策。”利用现有的关于两次危机中政治决策过程的文献、媒体内容和民意研究,我在本文中认为,与前一次经济衰退相比,在应对新冠肺炎危机时,权衡了一些因素,如成员国在恢复法德轴心谈判期间的行为变化,支持采取联合措施;疫情的影响促使27个国家更加团结一致;需要解决上一次衰退的后果;造成社会动荡、欧洲怀疑主义和政治化的多年紧缩政策的结果;防止欧盟民主赤字恶化;以及媒体对联合决策的影响。我带来的创新在于分析了27个主权国家对这一未知现象——疫情危机的反应,这些国家放弃了在预算领域的专属权限,转而联合发行超国家债务,应对经济后果的共同利益,这与政府间应对前一次衰退形成了鲜明对比。因为它在经济上取得了成功,并被公众舆论所接受,这现在是欧盟的一项“明星”政策。
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