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Abstract
A música de José Maurício Nunes Garcia é uma sofisticada manifestação da estética galante no Brasil colônia, principalmente no que diz respeito a entender a composição musical como uma forma específica de oratória. Constituída sobre campos expressivos pré-composicionais (tópicas), trabalhados de forma modular através de tropificações de seus parâmetros, e tendo no contraste como jogo expressivo sua força motriz, sua música ombreava com a de mestres europeus coevos de forma singular. Visando a exposição de ideias e imagens por metáforas musicais, o compositor organizava sua escrita como discurso. O objetivo desse texto é apresentar uma hipótese discursiva de José Maurício: a devoção mariana expressa na Mariologia. Dentro de uma sociedade forjada sobre a ideia da fé, a Mariologia tornou-se uma das forças de longa duração de mais penetração na formação do capital colonial da sociedade Ocidental. Nas colônias portuguesas, esta devoção tornou--se mediadora de mentalidades que iam desde a justificativa do patriarcalismo até a perspectiva de liberdade da população escrava, através da redenção do julgo opressivo na morte. O objetivo desse texto é introduzir a discussão sobre as plataformas marianas que o discurso musical de José Maurício se insere. O modo de buscar essa manifestação seria, aqui, revelado pelo espaço expressivo que a tradição musical conotou à representação de Maria: a pastoral. Assim, buscando observar desde o trato dos afetos, os usos tópicos, e suas tropificações, assim como a estratégias de jogo expressivo dos contrastes, trato de justificar o que poderia ser uma manifestação da Mariologia, enquanto discurso consciente da devoção e uso de seus símbolos dentro de uma articulação retórica para a sua afirmação.