{"title":"Dinâmicas do depoimento e violência mítica em “Sou eu mais livre, então: diário de um preso político angolano”, de Luaty Beirão","authors":"D. Laks","doi":"10.22409/gragoata.v25iesp.34151","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em 2015, o rapper e ativista político angolano Luaty Beirão foi preso por participar de uma sessão de debate sobre um texto de Domingos da Cruz, baseado na obra de Gene Sharp Da Ditadura à Democracia: o Caminho para a Libertação. Ao longo de sua prisão, Beirão escreveu três cadernos relatando suas experiências carcerárias, pensamentos sobre a situação política angolana e letras para músicas expressando suas vivências. Esses diários foram publicados como livro pela editora Tinta da China em 2017. Os objetivos do presente artigo estruturam-se em dois eixos principais. Primeiro, com base nas letras de músicas presentes nos diários do cárcere de Luaty Beirão, visa contemplar a inversão da máxima de Theodor Adorno (2003, p. 7) - “Escrever poesia depois de Auschwitz é um ato de barbárie” - proposta por Slavoj Zizek (2014, p. 19), no livro Violência: “A prosa realista fracassa ali onde a evocação poética da atmosfera insuportável do campo de concentração é bem sucedida” . Segundo, será discutido o conceito de “violência mítica” como fundação de um novo direito, conforme proposto por Walter Benjamin (2011) no ensaio Para uma Crítica da Violência. Assim, o artigo pretende abordar a relação entre regimes autoritários e a escrita poética dos diários do cárcere de Beirão como representativa das dinâmicas do depoimento de eventos extremos, ressaltando as influências da perseguição política sobre o ato de escrever.","PeriodicalId":40605,"journal":{"name":"Gragoata-UFF","volume":" ","pages":""},"PeriodicalIF":0.2000,"publicationDate":"2020-07-31","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Gragoata-UFF","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22409/gragoata.v25iesp.34151","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LANGUAGE & LINGUISTICS","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Em 2015, o rapper e ativista político angolano Luaty Beirão foi preso por participar de uma sessão de debate sobre um texto de Domingos da Cruz, baseado na obra de Gene Sharp Da Ditadura à Democracia: o Caminho para a Libertação. Ao longo de sua prisão, Beirão escreveu três cadernos relatando suas experiências carcerárias, pensamentos sobre a situação política angolana e letras para músicas expressando suas vivências. Esses diários foram publicados como livro pela editora Tinta da China em 2017. Os objetivos do presente artigo estruturam-se em dois eixos principais. Primeiro, com base nas letras de músicas presentes nos diários do cárcere de Luaty Beirão, visa contemplar a inversão da máxima de Theodor Adorno (2003, p. 7) - “Escrever poesia depois de Auschwitz é um ato de barbárie” - proposta por Slavoj Zizek (2014, p. 19), no livro Violência: “A prosa realista fracassa ali onde a evocação poética da atmosfera insuportável do campo de concentração é bem sucedida” . Segundo, será discutido o conceito de “violência mítica” como fundação de um novo direito, conforme proposto por Walter Benjamin (2011) no ensaio Para uma Crítica da Violência. Assim, o artigo pretende abordar a relação entre regimes autoritários e a escrita poética dos diários do cárcere de Beirão como representativa das dinâmicas do depoimento de eventos extremos, ressaltando as influências da perseguição política sobre o ato de escrever.