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Abstract
O imperativo de 2ª pessoa do singular no português brasileiro pode ser visto como uma construção com propriedades específicas nos termos de Goldberg (1995, 2006) bem como de Traugott e Trousdale (2013). Essa construção expressa-se por meio três instâncias construcionais: o imperativo verdadeiro (indicativo + tu), o imperativo supletivo (subjuntivo + você) e o imperativo abrasileirado (indicativo + você), conforme Scherre (2007), Paredes Silva et al. (2000) e Carvalho (2020). Neste artigo, com o intuito de estabelecer relações entre a Linguística Cognitiva e a Sociolinguística, discutem-se as interações entre essas construções com base na Teoria da Mesclagem Conceptual, de Fauconnier e Turner (2002), bem como a produtividade das formas imperativas na língua à luz da Teoria Baseada no Uso, de Bybee (2013). Nesse sentido, é possível entender que o imperativo abrasileirado tenha se originado a partir de um processo de mesclagem entre o imperativo verdadeiro e o imperativo supletivo e se espraiado no território nacional ao longo do tempo como uma construção típica do português brasileiro.