{"title":"“A máquina do mundo” em 3D: Drummond, leitor de W.H. Auden / “A máquina do mundo” in 3D: Drummond, reader of W.H. Auden","authors":"C. V. R. Almeida","doi":"10.17851/2358-9787.30.2.6-25","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo: O poema “A Máquina do Mundo” de Carlos Drummond de Andrade é interpretado pela crítica, no que diz respeito ao uso de intertextos, como um poema marcado pelo diálogo subliminar com a Divina Comédia de Dante Alighieri e com Os Lusíadas de Luís de Camões. Em contraposição a esta reiterada interpretação do poema, tentaremos demonstrar a hipótese segundo a qual o cenário de “A Máquina do Mundo” foi construído e imaginado a partir de uma releitura do cenário do poema “As I Walked Out One Evening”, do poeta inglês Wystan Hugh Auden. Drummond fez uma adaptação cenográfica do poema de W.H. Auden. As semelhanças entre os cenários são evidentes no uso dos seguintes expedientes: (a) o cenário de abertura do poema de Auden (no qual um andarilho caminha por uma estrada ou rua e se depara com uma visão maquinal e epifânica) é reutilizado por Drummond; (b) a atmosfera sombria e quase noturna da hora das Vésperas, acompanhada do badalar dos sinos da igreja ou do toque dos relógios, é comum em ambos os poemas; (c) a estrutura dialogal das máquinas que falam e desvelam mistérios é comum aos dois textos; (d) a narrativa escatológica do desfecho dos poemas é, também, muito similar. Concluímos que a semelhança entre os cenários dos dois poemas torna evidente as diferenças entre a perspectiva cristã do poema de W.H. Auden e a perspectiva absurdista do poema de Drummond.Palavras-Chave: A máquina do mundo; Carlos Drummond de Andrade; W.H. Auden; As I Walked Out One Evening.Abstract: Critics interpret the poem “A Máquina do Mundo,” by Carlos Drummond de Andrade, in regard to its use of intertextuality, as a poem marked by a subliminal dialogue with Dante Alighieri’s Divine Comedy and with Luís de Camões’s Os Lusíadas. In contrast to this repeated interpretation of the poem, I will try to demonstrate the hypothesis that the scenario of “A Máquina do Mundo” was built and imagined from a re-reading of the scenario of the poem “As I Walked Out One Evening,” by Wystan Hugh Auden. Drummond made a scenographic adaptation of the poem by W. H. Auden. The similarities between the scenarios are evident by use of the following devices: (a) the opening setting of Auden’s poem (in which a wanderer walks along a street and is faced with a mechanical and epiphanic vision) is reused by Drummond; (b) the dark and almost nocturnal atmosphere of Vespers, accompanied by the ringing of church bells or the chiming of clocks, is common to both poems; (c) the dialogical structure of the machines that speak and reveal mysteries is common to both texts; (d) the eschatological narrative at the denouement of the poems is also very similar. I conclude that the similarity between the scenarios of the two poems makes evident the differences between the Christian perspective of W.H. Auden’s poem and the absurdist perspective of Drummond’s poem.Keywords: A máquina do mundo; Carlos Drummond de Andrade; W.H. Auden; As I Walked Out One Evening.","PeriodicalId":40902,"journal":{"name":"Eixo e a Roda-Revista de Literatura Brasileira","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2021-06-30","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Eixo e a Roda-Revista de Literatura Brasileira","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.2.6-25","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERATURE, ROMANCE","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Resumo: O poema “A Máquina do Mundo” de Carlos Drummond de Andrade é interpretado pela crítica, no que diz respeito ao uso de intertextos, como um poema marcado pelo diálogo subliminar com a Divina Comédia de Dante Alighieri e com Os Lusíadas de Luís de Camões. Em contraposição a esta reiterada interpretação do poema, tentaremos demonstrar a hipótese segundo a qual o cenário de “A Máquina do Mundo” foi construído e imaginado a partir de uma releitura do cenário do poema “As I Walked Out One Evening”, do poeta inglês Wystan Hugh Auden. Drummond fez uma adaptação cenográfica do poema de W.H. Auden. As semelhanças entre os cenários são evidentes no uso dos seguintes expedientes: (a) o cenário de abertura do poema de Auden (no qual um andarilho caminha por uma estrada ou rua e se depara com uma visão maquinal e epifânica) é reutilizado por Drummond; (b) a atmosfera sombria e quase noturna da hora das Vésperas, acompanhada do badalar dos sinos da igreja ou do toque dos relógios, é comum em ambos os poemas; (c) a estrutura dialogal das máquinas que falam e desvelam mistérios é comum aos dois textos; (d) a narrativa escatológica do desfecho dos poemas é, também, muito similar. Concluímos que a semelhança entre os cenários dos dois poemas torna evidente as diferenças entre a perspectiva cristã do poema de W.H. Auden e a perspectiva absurdista do poema de Drummond.Palavras-Chave: A máquina do mundo; Carlos Drummond de Andrade; W.H. Auden; As I Walked Out One Evening.Abstract: Critics interpret the poem “A Máquina do Mundo,” by Carlos Drummond de Andrade, in regard to its use of intertextuality, as a poem marked by a subliminal dialogue with Dante Alighieri’s Divine Comedy and with Luís de Camões’s Os Lusíadas. In contrast to this repeated interpretation of the poem, I will try to demonstrate the hypothesis that the scenario of “A Máquina do Mundo” was built and imagined from a re-reading of the scenario of the poem “As I Walked Out One Evening,” by Wystan Hugh Auden. Drummond made a scenographic adaptation of the poem by W. H. Auden. The similarities between the scenarios are evident by use of the following devices: (a) the opening setting of Auden’s poem (in which a wanderer walks along a street and is faced with a mechanical and epiphanic vision) is reused by Drummond; (b) the dark and almost nocturnal atmosphere of Vespers, accompanied by the ringing of church bells or the chiming of clocks, is common to both poems; (c) the dialogical structure of the machines that speak and reveal mysteries is common to both texts; (d) the eschatological narrative at the denouement of the poems is also very similar. I conclude that the similarity between the scenarios of the two poems makes evident the differences between the Christian perspective of W.H. Auden’s poem and the absurdist perspective of Drummond’s poem.Keywords: A máquina do mundo; Carlos Drummond de Andrade; W.H. Auden; As I Walked Out One Evening.
摘要:卡洛斯·德拉蒙德·安德拉德(Carlos Drummond de Andrade)的诗歌《世界的机器》(The Machine of The World)在互文的使用方面被评论家解读为一首与但丁·阿利吉耶里(Dante Alighieri)的《神曲》(Divine Comedy)和路易斯·德·卡梅斯(Luís de Camões)的《卢西亚达斯》(Lusíadas)进行潜意识对话的诗歌。与对这首诗的重复解读相反,我们将试图证明一个假设,根据这个假设,《世界的机器》的场景是从重读英国诗人怀斯坦·休·奥登的诗《当我一天晚上走出去》的场景中构建和想象出来的。德拉蒙德对奥登的诗进行了场景改编。两个场景之间的相似之处在以下权宜之计的使用中表现得很明显:(a)奥登诗歌的开场场景(一个流浪者走在路上或街道上,遇到了一个机械的、顿悟的视觉)被德拉蒙德重复使用;(b) 晚祷时代的黑暗和几乎是夜间的气氛,伴随着教堂的钟声或钟声,在这两首诗中都很常见;(c) 这两种文本都有机器的对话结构,它们既能说出奥秘,又能揭开奥秘;(d) 末世叙事的诗歌结局也很相似。我们得出的结论是,这两首诗的场景之间的相似性表明了W·H·奥登诗歌中的基督教视角与德拉蒙德诗歌中的荒诞主义视角之间的差异。卡洛斯·德拉蒙德·安德拉德;W.H.Auden;一天晚上,当我走出去时。摘要:评论家们将卡洛斯·德拉蒙德·安德拉德的诗歌《Máquina do Mundo》解读为一首以与丹蒂·阿利吉耶里的《神曲》和路易斯·德·卡梅斯的《Os Lusíadas》进行潜意识对话为标志的诗歌。与对这首诗的反复解读形成对比的是,我将试图证明这样一种假设,即“A Máquina do Mundo”的场景是通过重读Wystan Hugh Auden的诗《当我走出一个晚上》的剧本而构建和想象的。德拉蒙德根据W·H·奥登的诗进行了场景改编。通过使用以下手段,两种场景之间的相似性显而易见:(a)德拉蒙德重复使用了奥登诗歌的开场设置(其中一个流浪者沿着街道行走,面临着机械和顿悟的视觉);(b) 晚祷的黑暗和几乎是夜间的气氛,伴随着教堂的钟声或钟声,在这两首诗中都很常见;(c) 这两种文本都有一个共同的对话结构,即说话和揭示奥秘的机器;(d) 末世论叙事在诗歌的面额上也很相似。我的结论是,这两首诗的场景之间的相似性表明了W·H·奥登诗歌的基督教视角和德拉蒙德诗歌的荒诞主义视角之间的差异。关键词:世界的机器;卡洛斯·德拉蒙德·安德拉德;W.H.Auden;一天晚上,当我走出家门时。