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Abstract
Cirurgias plásticas são uma prática difundida mundialmente e, em especial, entre o público feminino brasileiro, o que levou o Brasil a liderar o ranking global de intervenções. A intensa afinidade entre mídia e conhecimento médico é um dos fatores que colaboram para a banalização destas práticas, obliterando os riscos existentes. Com o objetivo de investigar as consequências da articulação entre imprensa, biopolítica e gênero, o presente artigo analisa a cobertura midiática da morte de uma mulher após um procedimento estético. O caso de Lilian Quezia Calixto, que faleceu após intervenção feita pelo médico Denis Cesar Barros Furtado (conhecido como “Dr. Bumbum”), foi escolhido por ter despertado grande atenção da mídia e levantado a incômoda discussão sobre risco de morte deste tipo de procedimento. O exame destas notícias apontou para um processo de culpabilização das vítimas de intervenções corporais, como forma de diminuir a responsabilidade do campo médico perante tais casos. A discussão dos resultados propõe que este tipo de enunciado está imerso em uma cultura somática que normaliza a ação sobre o corpo, fortalece a ideia de individualização e constrói subjetividades – especialmente femininas – em torno do cumprimento às demandas de uma medicina midiatizada e mercantilizada.