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Abstract
A partir da prosopografia comparada de duas amostras de professores de letras e de ciências das universidades de Paris e Berlim durante o mesmo período, este estudo situa essas duas elites universitárias em suas respectivas sociedades. A comparação das origens sociais dos professores e da sua evolução, do recrutamento geográfico, da formação escolar, e das dinâmicas de carreira permite apreender dois modelos bastante diferentes de meritocracia e dois processos distintos de evolução das comunidades universitárias. A centralização e a seleção elitista na França não impedem certa abertura social, ao passo que a descentralização e a inexistência de concursos formais continuam favorecendo os mesmos grupos dominantes na Alemanha. Apesar das intenções oficiais, evidencia-se a incapacidade de implantar o modelo germânico na França e, na Alemanha, de modernizar e democratizar o quadro de professores, mesmo com as tentativas da República de Weimar. As tensões crescentes que afetam os dois sistemas no período entre guerras, e as orientações sociais e políticas dominantes que opõem os dois grupos de professores, não podem ser, no entanto, reduzidas a um denominador comum de “crise”, ao contrário são a prova das especificidades constitutivas de cada modelo universitário. Para além dos resultados empíricos, este artigo pretende defender a fecundidade heurística da combinação entre o método comparativo e a biografia social em escala europeia.