Mariane Coradini, Flávia Bezerra de Menezes Hirata-Vale
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Abstract
O fenômeno da insubordinação é definido como o uso independente de orações originalmente subordinadas (EVANS, 2007). Trata-se de casos como “se soubesse como me faz sofrer!” (Corpus do Português). Para explicar a origem dessas construções, Evans (2007) propõe uma trajetória baseada na elipse da oração principal, constituída de quatro estágios, sendo o último o de convencionalização, em que a construção tem forma e função especializadas e uso totalmente independente. Trabalhos posteriores atestam construções insubordinadas em diferentes línguas, como português, espanhol, francês, inglês, alemão, holandês, sueco e dinamarquês (D’HERTEFELT; VERSTRAETE, 2014; GRAS, 2011; KALTENBÖCK, 2016; MITHUN, 2008; STASSI-SÉ, 2012; VAN LINDEN E VAN DE VELDE, 2014; HIRATA-VALE, 2015, 2017, 2020; SANSIÑENA, 2015; SCHWENTER, 2016; TRAUGOTT, 2017) e apontam outros fatores a respeito do grau de independência dessas construções, como relações estabelecidas pragmática e discursivamente. O presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar o desenvolvimento de construções condicionais insubordinadas com a conjunção se no português, a partir de dados que alcançam do século XVI ao século XX, coletados nos corpora Corpus do Português (Gênero Histórico) e Corpus Histórico do Português Tycho Brahe. Os quatro diferentes estágios de insubordinação foram verificados no desenvolvimento dessas construções no português e, a partir de casos específicos de convencionalização, levanta-se a hipótese de que essas construções tendem a se especializar e operar no domínio pragmático, por exemplo, como um mecanismo de polidez.