Uma prosa através: “Minha classe gosta / Logo, é uma bosta.”, um nuvô romã de Paulo Leminski / A word about: “My class likes/So, it’s a crap.”, a nouveau roman by Paulo Leminski
{"title":"Uma prosa através: “Minha classe gosta / Logo, é uma bosta.”, um nuvô romã de Paulo Leminski / A word about: “My class likes/So, it’s a crap.”, a nouveau roman by Paulo Leminski","authors":"Lucas dos Passos","doi":"10.17851/2358-9787.30.3.148-174","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo: No início dos anos 1980, surgiu em Curitiba uma revista que teria vida curta e que veicularia, em três de suas primeiras edições, novela inédita e incompleta de Paulo Leminski. “Minha classe gosta/Logo, é uma bosta.” não figura em nenhum dos livros de Leminski; ficou, assim, circunscrita àqueles três números da Raposa magazine – revista de cultura que, desde a capa, prometia vincular “humor e rumor”. O clima contracultural da Curitiba – e do Brasil – dos anos 1980 se vê refletido não só na idealização da revista, como também de maneira especial na novela leminskiana, que opera uma releitura da década anterior sem obliterar as questões políticas que estavam no centro das discussões. Com vistas a alinhar as questões éticas levantadas pela narrativa em pauta ao apuro estético de um poeta muito atento às revoluções formais do século XX, esta análise se acerca do texto de Leminski municiada das considerações de Theodor Adorno (1982; 2003) sobre a importância da forma como conteúdo sedimentado – que medeia e incorpora a barbárie do mundo –, com apoio nas leituras feitas por Jaime Ginzburg (2012) e Verlaine Freitas (2008); além disso, ensaios de Roberto Schwarz (1978), Carlos Alberto Messeder Pereira (1993), Elio Gaspari (2000; 2014) e Bernardo Kucinski (2001) ajudarão a compor o cenário histórico brasileiro dos anos 1960 aos 1980.Palavras-chave: Paulo Leminski; “Minha classe gosta/Logo, é uma bosta.”; Theodor Adorno; estética e política.Abstract: In the early 1980s, there appeared in Curitiba a magazine which would have a short life and would bring, in three of its first editions, an unpublished and incomplete novel by Paulo Leminski. “My class likes/So, it’s a crap.” is not in any of Leminski’s books; it was limited to those three issues of Raposa magazine – a culture magazine that, from its cover, promised to link “humor and rumor”. The counter-cultural climate of Curitiba – and of Brazil – in the 1980s is reflected not only in the magazine’s idealization, but also, in a special way, in the Leminskian narrative, which does a rereading of the previous decade without obliterating the political issues that were at the center of the discussions. In order to align the ethical issues raised by the narrative with the aesthetic accuracy of a poet who was very attentive to the formal revolutions of the 20th century, this analysis approaches Leminski’s text, armed with Theodor Adorno’s considerations (1982; 2003) about the importance of form as a sedimented content – which mediates and incorporates the barbarity of the world – and also with the support of by Jaime Ginzburg’s (2012) and Verlaine Freitas’s readings (2008). In addition, essays by Roberto Schwarz (1978), Carlos Alberto Messeder Pereira (1993), Elio Gaspari (2000; 2014) and Bernardo Kucinski (2001) will help to set the Brazilian historical scenario from the 1960s to the 1980s.Keywords: Paulo Leminski; “My class likes/So, it’s a crap.”; Theodor Adorno; aesthetics and politics.","PeriodicalId":40902,"journal":{"name":"Eixo e a Roda-Revista de Literatura Brasileira","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2021-10-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Eixo e a Roda-Revista de Literatura Brasileira","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.3.148-174","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERATURE, ROMANCE","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Resumo: No início dos anos 1980, surgiu em Curitiba uma revista que teria vida curta e que veicularia, em três de suas primeiras edições, novela inédita e incompleta de Paulo Leminski. “Minha classe gosta/Logo, é uma bosta.” não figura em nenhum dos livros de Leminski; ficou, assim, circunscrita àqueles três números da Raposa magazine – revista de cultura que, desde a capa, prometia vincular “humor e rumor”. O clima contracultural da Curitiba – e do Brasil – dos anos 1980 se vê refletido não só na idealização da revista, como também de maneira especial na novela leminskiana, que opera uma releitura da década anterior sem obliterar as questões políticas que estavam no centro das discussões. Com vistas a alinhar as questões éticas levantadas pela narrativa em pauta ao apuro estético de um poeta muito atento às revoluções formais do século XX, esta análise se acerca do texto de Leminski municiada das considerações de Theodor Adorno (1982; 2003) sobre a importância da forma como conteúdo sedimentado – que medeia e incorpora a barbárie do mundo –, com apoio nas leituras feitas por Jaime Ginzburg (2012) e Verlaine Freitas (2008); além disso, ensaios de Roberto Schwarz (1978), Carlos Alberto Messeder Pereira (1993), Elio Gaspari (2000; 2014) e Bernardo Kucinski (2001) ajudarão a compor o cenário histórico brasileiro dos anos 1960 aos 1980.Palavras-chave: Paulo Leminski; “Minha classe gosta/Logo, é uma bosta.”; Theodor Adorno; estética e política.Abstract: In the early 1980s, there appeared in Curitiba a magazine which would have a short life and would bring, in three of its first editions, an unpublished and incomplete novel by Paulo Leminski. “My class likes/So, it’s a crap.” is not in any of Leminski’s books; it was limited to those three issues of Raposa magazine – a culture magazine that, from its cover, promised to link “humor and rumor”. The counter-cultural climate of Curitiba – and of Brazil – in the 1980s is reflected not only in the magazine’s idealization, but also, in a special way, in the Leminskian narrative, which does a rereading of the previous decade without obliterating the political issues that were at the center of the discussions. In order to align the ethical issues raised by the narrative with the aesthetic accuracy of a poet who was very attentive to the formal revolutions of the 20th century, this analysis approaches Leminski’s text, armed with Theodor Adorno’s considerations (1982; 2003) about the importance of form as a sedimented content – which mediates and incorporates the barbarity of the world – and also with the support of by Jaime Ginzburg’s (2012) and Verlaine Freitas’s readings (2008). In addition, essays by Roberto Schwarz (1978), Carlos Alberto Messeder Pereira (1993), Elio Gaspari (2000; 2014) and Bernardo Kucinski (2001) will help to set the Brazilian historical scenario from the 1960s to the 1980s.Keywords: Paulo Leminski; “My class likes/So, it’s a crap.”; Theodor Adorno; aesthetics and politics.