{"title":"RELATOS SELVAGENS: O ESPELHO INDÍGENA NAS LETRAS QUINHENTISTAS E SEISCENTISTAS","authors":"Lívia Penedo Jacob","doi":"10.17851/2358-9787.31.2.11-27","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Resumo: Neste artigo, compararemos os olhares coloniais sobre os indígenas pela ótica católica de Vieira e de Nóbrega com as perspectivas protestantes de Staden, de Léry e de Knivet. Por meio desse estudo, pretendemos observar como os desdobramentos das discursividades jesuíticas e protestantes sobre o tema se relacionam, pois, conforme apontou Daher em sua análise, é simplista a ideia de que o colonizador português deprecia o nativo, em contraste com o viajante francês, que o exalta. Desse modo, defendemos que a multiplicidade retórica produzida sobre o tema foi de cabal relevância para a formação do pensamento moderno, em consonância com as afirmações de Marcondes sobre o ensaio “Dos canibais”, de Montaigne. Dentre outros teóricos que nos servem de apoio, destacamos os trabalhos de Hansen e Lima, cujas conclusões nos ajudam a entender como os povos originários se tornam “espelhos” para a representação de outras realidades.Palavras-chave: colonização; povos indígenas; retórica jesuítica; retórica protestante; modernidade.Abstract: This paper compares the colonial literature on indigenous peoples produced by Jesuits Vieira and Nóbrega with that of Protestants Staden, Léry and Knivet. Such an analysis seeks to understand how the Jesuit and Protestant discourses on the subject relate to each other, since, as Daher pointed out, the idea that Portuguese colonizers belittle the natives, while French travelers praise them, is rather simplistic. Thus, it argues that the rhetorical multiplicity produced on the topic was key in constructing modern thought, as Marcondes states about Montaigne’s “Of cannibals.” Among other theorists, this article applies the concepts proposed by Hansen and Lima, whose arguments help understand how the native populations were taken as ‘mirrors’ that reflected other realities.Keywords: colonization; indigenous peoples; Jesuitic rhetoric; protestant rhetoric; modern philosophy.","PeriodicalId":40902,"journal":{"name":"Eixo e a Roda-Revista de Literatura Brasileira","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.1000,"publicationDate":"2022-09-08","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Eixo e a Roda-Revista de Literatura Brasileira","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.2.11-27","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"0","JCRName":"LITERATURE, ROMANCE","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Resumo: Neste artigo, compararemos os olhares coloniais sobre os indígenas pela ótica católica de Vieira e de Nóbrega com as perspectivas protestantes de Staden, de Léry e de Knivet. Por meio desse estudo, pretendemos observar como os desdobramentos das discursividades jesuíticas e protestantes sobre o tema se relacionam, pois, conforme apontou Daher em sua análise, é simplista a ideia de que o colonizador português deprecia o nativo, em contraste com o viajante francês, que o exalta. Desse modo, defendemos que a multiplicidade retórica produzida sobre o tema foi de cabal relevância para a formação do pensamento moderno, em consonância com as afirmações de Marcondes sobre o ensaio “Dos canibais”, de Montaigne. Dentre outros teóricos que nos servem de apoio, destacamos os trabalhos de Hansen e Lima, cujas conclusões nos ajudam a entender como os povos originários se tornam “espelhos” para a representação de outras realidades.Palavras-chave: colonização; povos indígenas; retórica jesuítica; retórica protestante; modernidade.Abstract: This paper compares the colonial literature on indigenous peoples produced by Jesuits Vieira and Nóbrega with that of Protestants Staden, Léry and Knivet. Such an analysis seeks to understand how the Jesuit and Protestant discourses on the subject relate to each other, since, as Daher pointed out, the idea that Portuguese colonizers belittle the natives, while French travelers praise them, is rather simplistic. Thus, it argues that the rhetorical multiplicity produced on the topic was key in constructing modern thought, as Marcondes states about Montaigne’s “Of cannibals.” Among other theorists, this article applies the concepts proposed by Hansen and Lima, whose arguments help understand how the native populations were taken as ‘mirrors’ that reflected other realities.Keywords: colonization; indigenous peoples; Jesuitic rhetoric; protestant rhetoric; modern philosophy.