{"title":"Por um ciclo do cacau ampliado: Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado","authors":"João Pedro Fernandes dos Santos, E. Bergamo","doi":"10.13102/cl.v22i3.7022","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"O presente artigo pretende examinar o romance Gabriela, cravo e canela, publicado 1958 pelo escritor baiano Jorge Amado (1912-2001). A narrativa in foco insere-se no conjunto de histórias que têm a cultura cacaueira e o território sul baiano em comum, daí entendermos que a obra em questão faz parte de um ciclo, o ciclo ampliado do cacau. Desse modo, em contato com o composto de narrativas do cacau, em especial Gabriela, é possível perceber além da vida e da lida das mais distintas figuras estético-sociais, o complicado processo de desenvolvimento local e, por extensão, a contraditória modernização nacional. Os limites do latifúndio e das oligarquias rurais ao serem confrontados por uma certa classe burguesa liberal ascendente, sucumbem parcialmente. E é sobre esse processo sócio-político-econômico que se sustentam os romances do ciclo do cacau amadiano. Gabriela, cravo e canela talvez seja a narrativa mais bem-acabada de tal circuito: ajustada, do ponto de vista estético, dentre outros fatores, no embate político entre o velho Ramiro Bastos e o exportador Mundinho Falcão, consegue dar a ver as limitações e os impasses de uma ordem em crise, no tocante ao fenecimento de uma era e ao surgimento de um “mandonismo modificado”.","PeriodicalId":31908,"journal":{"name":"A Cor das Letras","volume":"1 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2022-05-07","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"A Cor das Letras","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.13102/cl.v22i3.7022","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O presente artigo pretende examinar o romance Gabriela, cravo e canela, publicado 1958 pelo escritor baiano Jorge Amado (1912-2001). A narrativa in foco insere-se no conjunto de histórias que têm a cultura cacaueira e o território sul baiano em comum, daí entendermos que a obra em questão faz parte de um ciclo, o ciclo ampliado do cacau. Desse modo, em contato com o composto de narrativas do cacau, em especial Gabriela, é possível perceber além da vida e da lida das mais distintas figuras estético-sociais, o complicado processo de desenvolvimento local e, por extensão, a contraditória modernização nacional. Os limites do latifúndio e das oligarquias rurais ao serem confrontados por uma certa classe burguesa liberal ascendente, sucumbem parcialmente. E é sobre esse processo sócio-político-econômico que se sustentam os romances do ciclo do cacau amadiano. Gabriela, cravo e canela talvez seja a narrativa mais bem-acabada de tal circuito: ajustada, do ponto de vista estético, dentre outros fatores, no embate político entre o velho Ramiro Bastos e o exportador Mundinho Falcão, consegue dar a ver as limitações e os impasses de uma ordem em crise, no tocante ao fenecimento de uma era e ao surgimento de um “mandonismo modificado”.