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Abstract
Personagens e escritoras negras têm sido marcadas por ausências e estereótipos dentro do sistema literário nacional. Conceição Evaristo tem, ao longo de décadas como escritora negra, feito o enfrentamento a essas marcações. A escrevivência, escrita marcada pela condição de mulher negra proposta por Evaristo (2005), para sua prática como escritora, é a estratégia narrativa de enfrentamento ao cânone, na medida em que descortina processos de violência e silenciamento de personagens femininas. Dessa forma, este artigo tem por objetivo analisar como se estabelece esse enfrentamento na obra Insubmissas lágrimas de mulheres (2011). Como a narradora interliga as narrativas e personagens a partir de seus relatos de violência e de como subverteram tais violências para contar suas experiências. Pretende-se, portanto, a partir da perspectiva de Cândido (2011) acerca da literatura como direito humano, estabelecer diálogo com a narrativa de Evaristo, a fim de se apontar como a autora constrói uma teia de resistência de personagens femininas negras dando-lhes a voz e o lugar nas narrativas. Para fundamentar tal objetivo, o presente artigo toma por base pesquisadoras do feminismo negro, cujos debates apontam para a interseccionalidade, como Gonzalez (1984), Akotirene (2019), Collins (2016), Crenshaw (2002), a partir das quais se realiza a revisão bibliográfica. Com essa leitura da obra, resta demonstrada a intencionalidade da escrevivência, como estratégia narrativa para dar voz e visibilidade a personagens femininas tradicionalmente silenciadas e estereotipadas pelo cânone.