{"title":"Do canibalismo cósmico às (re)figurações coloniais da máquina-boca no filme O clube dos canibais","authors":"José Laerton Santos da Silva, Daniel Meirinho","doi":"10.22475/rebeca.v13n1.1058","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"A partir da representação de pessoas pretas nos filmes de terror contemporâneos, o artigo reflete sobre a construção simbólica de artifícios narrativos sobre o mecanismo alegórico biológico da fome colonial, através da ótica da racialidade. O conceito de canibalismo cósmico e máquina-boca possibilitam compreender o ato violento e figurativo de comer a partir da análise do filme O clube dos canibais (2019). A decomposição da articulação narrativa de terror da obra possibilita a exploração das estruturas simbólicas associadas à violência colonial extrativista representada pela parábola do ato de devorar, canibalizar e despedaçar corpos pretos “submissos” em uma conjuração arquetípica da geologia colonial da fome. A aplicação da análise fílmica se valida a partir da reflexão crítica que Denise Ferreira da Silva e bell hooks propõem sobre as questões da racialidade e do capitalismo e de sua relação com o imaginário, estabelecendo compreensões sobre quais corpos são comestíveis em uma sociedade com transtorno alimentar estrutural. O canibalismo surge como uma chave relacional com o espectador ao tensionar o ato de comer ao sentido de explorar e devorar, a partir das hierarquias de raça e de classe que demarcam as relações de poder em uma cadeia alimentar colonial-global. O vulnerável alimento como parte de um jogo da supremacia extrativista.","PeriodicalId":325217,"journal":{"name":"Rebeca - Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual","volume":"24 36","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-07-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Rebeca - Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.22475/rebeca.v13n1.1058","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
A partir da representação de pessoas pretas nos filmes de terror contemporâneos, o artigo reflete sobre a construção simbólica de artifícios narrativos sobre o mecanismo alegórico biológico da fome colonial, através da ótica da racialidade. O conceito de canibalismo cósmico e máquina-boca possibilitam compreender o ato violento e figurativo de comer a partir da análise do filme O clube dos canibais (2019). A decomposição da articulação narrativa de terror da obra possibilita a exploração das estruturas simbólicas associadas à violência colonial extrativista representada pela parábola do ato de devorar, canibalizar e despedaçar corpos pretos “submissos” em uma conjuração arquetípica da geologia colonial da fome. A aplicação da análise fílmica se valida a partir da reflexão crítica que Denise Ferreira da Silva e bell hooks propõem sobre as questões da racialidade e do capitalismo e de sua relação com o imaginário, estabelecendo compreensões sobre quais corpos são comestíveis em uma sociedade com transtorno alimentar estrutural. O canibalismo surge como uma chave relacional com o espectador ao tensionar o ato de comer ao sentido de explorar e devorar, a partir das hierarquias de raça e de classe que demarcam as relações de poder em uma cadeia alimentar colonial-global. O vulnerável alimento como parte de um jogo da supremacia extrativista.