{"title":"Onde reside o ódio no discurso de ódio \"suave\": O potencial argumentativo em esferas públicas hostis","authors":"Dima Mohammed","doi":"10.15366/ria2024.m1.006","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Neste artigo, exploro a discriminação por ódio envolvida em mensagens públicas, em que um político português alega actos ilícitos cometidos por membros da comunidade cigana. As mensagens, que levaram a uma acusação de discurso de ódio contra o político, mas que não conduziram à sua condenação, são analisadas como casos de discurso de ódio suave (Assimakopoulos et al., 2017): embora não indiquem necesariamente, de forma explícita, que alguém deve ser odiado, fornecem de forma crucial a lógica subjacente ao ódio discriminatório. De modo a identificar esta lógica subjacente, discuto as premissas que são comunicadas nas mensagens e reconstruo o argumento global que as liga, com especial atenção ao potencial argumentativo (Mohammed, 2019; ver também Kjeldsen, 2017; Serafis, 2022). A análise revela um significado implícito que não é apenas discriminatório, mas que também incita ações que podem eventualmente resultar em violência contra a comunidade cigana. Consequentemente, explica-se o que torna o discurso de ódio suave, perigoso: embora as mensagens não sejam necessariamente culpáveis do ponto de vista jurídico, são, no entanto, discursivamente responsáveis, por incitarem ao ódio, à discriminação e - talvez - à violência contra um grupo minoritário, já de si, desfavorecido.","PeriodicalId":509931,"journal":{"name":"Revista Iberoamericana de Argumentación","volume":null,"pages":null},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-06-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Iberoamericana de Argumentación","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.15366/ria2024.m1.006","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Neste artigo, exploro a discriminação por ódio envolvida em mensagens públicas, em que um político português alega actos ilícitos cometidos por membros da comunidade cigana. As mensagens, que levaram a uma acusação de discurso de ódio contra o político, mas que não conduziram à sua condenação, são analisadas como casos de discurso de ódio suave (Assimakopoulos et al., 2017): embora não indiquem necesariamente, de forma explícita, que alguém deve ser odiado, fornecem de forma crucial a lógica subjacente ao ódio discriminatório. De modo a identificar esta lógica subjacente, discuto as premissas que são comunicadas nas mensagens e reconstruo o argumento global que as liga, com especial atenção ao potencial argumentativo (Mohammed, 2019; ver também Kjeldsen, 2017; Serafis, 2022). A análise revela um significado implícito que não é apenas discriminatório, mas que também incita ações que podem eventualmente resultar em violência contra a comunidade cigana. Consequentemente, explica-se o que torna o discurso de ódio suave, perigoso: embora as mensagens não sejam necessariamente culpáveis do ponto de vista jurídico, são, no entanto, discursivamente responsáveis, por incitarem ao ódio, à discriminação e - talvez - à violência contra um grupo minoritário, já de si, desfavorecido.