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Abstract
Em sua obra magna, O mundo como vontade e representação, Arthur Schopenhauer entende a sua filosofia como um sistema orgânico e afirma que o mundo é vontade e aparece como representação, ou seja, tudo é vontade e, por conseguinte, manifestação da vontade. De modo especial, o autor define uma das formas mais penetrantes da vontade, assim chamada de Vontade de vida, entendida como uma força obscura e cega; um impulso terrível e dramático, que move os indivíduos de forma dolorosa e brutal. Este desejo extremamente rude e irrefletido é condicionado pelo instinto de conservação. Um dos problemas a ser ressaltado é de que existe uma condição existencial relacionada a vida humana que é o sofrimento humano e a espécie humana seria a mais suscetível ao sofrimento. A vida é um perpétuo combate e cada indivíduo é apenas um instrumento da vontade que luta para impor o que parece necessário, já que todo o querer nasce de uma necessidade. Em todos os graus de objetivação da vontade, existe necessariamente uma luta contínua entre os indivíduos de todas as espécies. O ponto de partida de toda luta está no egoísmo, representado na figura de Éris. Em virtude de a essência íntima da natureza, a Vontade de vida, ter como expressão máxima o impulso sexual. Os poetas e filósofos antigos, dentre eles Hesíodo, Parmênides, Péricles, Aristóteles, afirmaram que Eros seria o primeiro, o criador, o princípio do qual provêm todas as coisas. A natureza, cuja essência íntima é a Vontade de vida, compele com todas as forças o homem e o animal para a propagação da espécie. Tal vontade de vida, preocupa-se exclusivamente com a conservação da espécie e, neste caso, o indivíduo pode ser considerado em vão.