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Abstract
O ponto de partida da análise aqui proposta é o final do século IV, com a eclesiologia que pensa a Igreja como o sacramento da salvação, que repousa na antropologia negativa dominada pelo pecado proposta por Agostinho em reação a Pelágio. Como sacramento, a Igreja de Cristo fornecia os meios pelos quais a providência e a graça de Deus tocariam as pessoas na história em vista de sua salvação que, por sua vez, tornou-se dependente da pertença eclesial, o que significa que, onde a Igreja não estivesse presente como mediadora, faltaria a salvação. Liga-se a isso tudo a mudança de sentido na relação Cristo-Igreja, Eucaristia-Igreja: na Patrística, a Igreja é o corpus verum (o verdadeiro corpo) de Cristo; a Eucaristia, o corpus mysticum (o corpo em mistério, em sacramento). Na Idade Média as expressões se invertem, graças às muitas disputas sobre a presença real na Eucaristia, que repercute sobre o ministério ordenado: continua existindo uma relação profunda entre o ministério e o corpus verum, que agora não é mais a comunidade eclesial, mas a Eucaristia. Essa mudança coopera para o crescimento de uma compreensão de uma dignidade “superior do clero”, uma vez que é o ministro ordenado o que “traz” Jesus às hóstias consagradas, ao povo restou a indignidade. O resultado dessa tendência foi a diminuição da participação na ceia eucarística, o que fez perder, vagarosamente, o senso de responsabilidade pela comunidade e, naturalmente, comprometeu a vivência sinodal, cujo ápice, sem dúvida, chega aos dias de hoje, com a convocação de um sínodo sobre a sinodalidade. Assim, pois, em perspectiva bibliográfica, o artigo se propõe a destacar a dimensão intrínseca e lógica que há entre Eucaristia e sinodalidade.