{"title":"Maria Nicolas (1906-1938): mulher negra, uma “forasteira de dentro” no ensino público primário do Paraná","authors":"Silvana Mendes Schuindt, Adriana Vaz","doi":"10.5965/19847246252024e0102","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este artigo delineia aspectos da trajetória da normalista Maria Nicolas, que residiu em Curitiba/PR e ministrou aulas no ensino primário nas primeiras décadas do século XX, no Paraná. Orecorte temporal abrange o período entre 1906 e 1938. Reconstrói-se parte do seu percurso pelo prisma da interseccionalidade, o qual foi marcado por episódios de discriminação racial, de gênero e de classe. Igualmente problematiza-se a categoria “outsider within” de Collins (2016) e adotam-se como base teórica os conceitos de trajetória, habitus e capital de Bourdieu (1996, 2017). Nicolas formou-se na Escola Normal de Curitiba entre 1913 e 1916 e itinerou por várias escolas em Curitiba e no interior do Paraná, justamente porque a sociedade republicana respondia ao ideário de civilidade perpassado pela tese eugênica e de progresso nos moldes patriarcais. A população negra, em especial as mulheres, ainda eram vistas ligadas ao trabalho doméstico e servil; havia também uma resistência por parte das mulheres brancas, de elite, em superar as diferenças raciais. Então, por diferentes formas de opressão, a normalista deste estudo viveu à margem, como alude bell hooks (2019), mesmo sendo pertencente e tendo conhecimento de todo sistema.","PeriodicalId":507116,"journal":{"name":"PerCursos","volume":"252 24","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-04-02","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"PerCursos","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.5965/19847246252024e0102","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este artigo delineia aspectos da trajetória da normalista Maria Nicolas, que residiu em Curitiba/PR e ministrou aulas no ensino primário nas primeiras décadas do século XX, no Paraná. Orecorte temporal abrange o período entre 1906 e 1938. Reconstrói-se parte do seu percurso pelo prisma da interseccionalidade, o qual foi marcado por episódios de discriminação racial, de gênero e de classe. Igualmente problematiza-se a categoria “outsider within” de Collins (2016) e adotam-se como base teórica os conceitos de trajetória, habitus e capital de Bourdieu (1996, 2017). Nicolas formou-se na Escola Normal de Curitiba entre 1913 e 1916 e itinerou por várias escolas em Curitiba e no interior do Paraná, justamente porque a sociedade republicana respondia ao ideário de civilidade perpassado pela tese eugênica e de progresso nos moldes patriarcais. A população negra, em especial as mulheres, ainda eram vistas ligadas ao trabalho doméstico e servil; havia também uma resistência por parte das mulheres brancas, de elite, em superar as diferenças raciais. Então, por diferentes formas de opressão, a normalista deste estudo viveu à margem, como alude bell hooks (2019), mesmo sendo pertencente e tendo conhecimento de todo sistema.