{"title":"Reconhecer-se na origem, movimentar-se pelo tempo","authors":"Ágata Barbi","doi":"10.59927/sig.v12i1.18","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Desde o início das produções textuais de Freud sobre sua trajetória clínica, percebemos seu desassossego em relação àquilo que escutava e estudava, mostrando-se atento, inquieto e criativo. No início deste artigo, percorro um brevíssimo passeio pela história da criação da psicanálise, com o intuito de reencontrar as marcas deixadas neste rastro de inquietação em nossa prática hoje. É evidente que a psicanálise foi criada em contexto e cultura diferentes dos que vivemos hoje, especialmente no Brasil, portanto, não é possível simplesmente decalcá-la. Considerando a crítica situação econômica, social e racial que vivemos hoje no Brasil, como sustentar o método psicanalítico sem reproduzir uma lógica individualizante do sofrimento ou sem que opere como forma encobridora do discurso meritocrático neoliberal e, consequentemente, aporofóbico e racista? Como a psicanálise pode avançar em outros territórios, sem que com isso se afaste dos seus fundamentos e se torne uma militância política? Essas inquietações, instigadas principalmente pela minha participação em coletivos de psicanálise, apontaram na direção dos efeitos do trabalho coletivo como potência de transformação social e da própria psicanálise. A partir de Freud, Laplanche, Danto e alguns outros, faço um percorrido pela história e relevância das clínicas públicas, suas diferenças com a clínica privada e, com isso, uma reflexão sobre a posição e o desejo do analista. Como proposta de caminho possível para as perguntas acima, apoio minha argumentação nas noções de dissidência cívica e obrigação ética de Frèdèric Gros e também na perspectiva ética de pensamento e na noção de micropolítica ativa de Suely Rolnik.","PeriodicalId":515722,"journal":{"name":"SIG Revista de Psicanálise","volume":"12 10","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-04-06","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"SIG Revista de Psicanálise","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.59927/sig.v12i1.18","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
引用次数: 0
Abstract
Desde o início das produções textuais de Freud sobre sua trajetória clínica, percebemos seu desassossego em relação àquilo que escutava e estudava, mostrando-se atento, inquieto e criativo. No início deste artigo, percorro um brevíssimo passeio pela história da criação da psicanálise, com o intuito de reencontrar as marcas deixadas neste rastro de inquietação em nossa prática hoje. É evidente que a psicanálise foi criada em contexto e cultura diferentes dos que vivemos hoje, especialmente no Brasil, portanto, não é possível simplesmente decalcá-la. Considerando a crítica situação econômica, social e racial que vivemos hoje no Brasil, como sustentar o método psicanalítico sem reproduzir uma lógica individualizante do sofrimento ou sem que opere como forma encobridora do discurso meritocrático neoliberal e, consequentemente, aporofóbico e racista? Como a psicanálise pode avançar em outros territórios, sem que com isso se afaste dos seus fundamentos e se torne uma militância política? Essas inquietações, instigadas principalmente pela minha participação em coletivos de psicanálise, apontaram na direção dos efeitos do trabalho coletivo como potência de transformação social e da própria psicanálise. A partir de Freud, Laplanche, Danto e alguns outros, faço um percorrido pela história e relevância das clínicas públicas, suas diferenças com a clínica privada e, com isso, uma reflexão sobre a posição e o desejo do analista. Como proposta de caminho possível para as perguntas acima, apoio minha argumentação nas noções de dissidência cívica e obrigação ética de Frèdèric Gros e também na perspectiva ética de pensamento e na noção de micropolítica ativa de Suely Rolnik.