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Abstract
O objetivo deste texto é o de demonstrar como a mestiçagem pode ser reconhecida como uma ideia linguística nas produções de saberes linguísticos, como é o caso do conceito de brasileirismo apresentado por João Ribeiro no Diccionario Grammatical, publicado em 1889 e reeditado em anos posteriores. Para tanto, em um diálogo entre a História das Ideias Linguísticas e a Análise do Discurso, são descritas as condições de produção dos estudos linguísticos e sociais no Brasil neste período histórico, especialmente quando da publicação da terceira edição em 1906, com ênfase nas particularidades do naturalismo na produção intelectual brasileira (ALONSO, 2002; SCHWARCZ, 2015) e pelo paradigma naturalista dos estudos da linguagem proposto por Sylvain Auroux (2007). Em seguida, são apresentados os procedimentos analíticos (FOUCAULT, 2008) e a análise em si do verbete brasileirismo, apontando o aparecimento da mestiçagem como uma ideia linguística. Este texto se encerra com a reflexão de que a mestiçagem no contexto de publicação do Diccionario não se apresentava como uma solução homogeneizadora dos conflitos raciais e linguísticos do país, mas sim como uma marca ambivalente da originalidade do povo brasileiro e do fracasso de uma nação determinado pelas perspectivas positivistas daquele período.