Edição temática: Impactos Socioecológicos de Grandes Projetos de Infraestrutura e Energia na Amazônia.

C. Doria, E. Moretto, Stephanie Bohlman
{"title":"Edição temática: Impactos Socioecológicos de Grandes Projetos de Infraestrutura e Energia na Amazônia.","authors":"C. Doria, E. Moretto, Stephanie Bohlman","doi":"10.18361/2176-8366/rara.v15n1p1-5","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Edição temática: Impactos Socioecológicos de Grandes Projetos de Infraestrutura e Energia na Amazônia\n \nAs demandas pela implantação de grandes projetos de infraestrutura, de produção de energia e de exploração mineral tem sido uma preocupação crescente em regiões que guardam importantes diversidades biológicas e de modos de vida locais. Apresentam-se por justificativas que vão desde a pretensa possibilidade de ofertar alternativas para o desenvolvimento local, até a necessidade de redução de emissões de gases do efeito estufa, como é o caso dos grandes projetos hidrelétricos.\nNa América Latina, grande parte destes projetos avança sobre a fronteira Amazônica, em locais bastantes preservados, com grande potencial de causar significativos aos negativos impactos socioecológicos, em decorrência de mudanças na paisagem, perda de biodiversidade, da cobertura florestal e dos meios de subsistência e modos de vida das comunidades locais. São exemplos recentes e atuais, as usinas hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio, Belo Monte, Tabajara (em análise) e a binacional Brasil-Bolívia, a rodovia federal BR-319, o projeto de exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, além das diversas iniciativas de mineração e de garimpo.\nFrente a este cenário, os instrumentos de política ambiental ainda são insuficientes para a avaliação dos impactos negativos derivados destes tipos de projetos, já que são tradicionalmente focados em análises individualizadas dos componentes físico, biótico e socioeconômico do meio, carecendo de abordagens integradoras e síntese que favoreçam e melhor compreensão sobre as relações entre estes compartimentos que são afetadas. Este é o caso de processos de Licenciamento e Avaliações de Impactos Ambientais que, ainda que necessários, são sempre insuficientes para revelar como as propriedades sistêmicas de propriedades sistêmicas de resiliência, vulnerabilidades e governança locais são afetadas, quando implementados de forma isolada dos outros instrumentos de política ambiental integradores.\nÉ premente, portanto, a necessidade de fortalecimento de abordagens e ferramentas que permitam uma visão mais holista dos impactos que grandes projetos de infraestrutura, mineração e energia possam imprimir nos sistemas locais, baseando-se, sobretudo, nas relações emergentes que existem entre os componentes biofísico e socioeconômico dos sistemas socioecológicos locais. Este desafio não é uma tarefa trivial e tampouco consolidada, mas um caminho irrenunciável para que os impactos negativos sobre os sistemas socioecológicos locais, enquanto fenômenos sistêmicos e complexos, possam ser mais bem compreendidos, avaliados e endereçados para as devidas práticas de prevenção, mitigação, restauração e gestão adaptativa.\nAs abordagens baseadas no conceito de Sistemas Socioecológicos emergiram a partir da década 1980, reconhecendo-se que as ferramentas de avaliação de impactos tradicionais, embora necessárias, não favoreciam sínteses capazes de representar as relações existentes entre os componentes bióticos, físicos e socioeconômicos de um sistema ambiental, endereçando-os para os processos decisórios. Para isso, a ideia de Sistemas Socioecológicos pautou-se pela premissa de que a melhor compreensão da dinâmica dos sistemas ambientais reside na compreensão das relações de interdependência e dos laços de retroalimentação (Resilience Alliance, 2010) que existem entre os seus componentes culturais, políticos, sociais, econômicos, ecológicos, tecnológicos (Ostrom, 2009; Folke et al., 2010). Esta é, portanto, a primeira premissa que molda as abordagens baseadas em Sistemas Socioecológicos: reconhecer que o todo do universo ambiental a ser compreendido vai muito além das dinâmicas e estruturas internas dos componentes físico, biótico e socioeconômico, incluindo necessariamente a diversidade de propriedades que emergem dos relacionamentos entre estes compartimentos.\nPorém, estas relações múltiplas dotam os Sistemas Socioecológicos de natureza complexa, com estruturas heterogêneas e de dinâmicas imprevisíveis, impossíveis de serem diagnosticadas e prognosticadas a partir de abordagens baseadas em racionalidade linear (Moretto et al, 2021). Esta é outra premissa dos Sistemas Socioecológicos que acarreta desafios substanciais para a produção de conhecimento e para processos de tomada de decisão, mas que devem ser prontamente reconhecidas pelos processos contemporâneos de planejamento e gestão ambiental.\nAinda que os Sistemas Socioecológicos sejam um campo de cerca de 40 anos, restam importantes lacunas sobre como a sua aplicação em planejamento e gestão ambiental pode auxiliar a produzir conhecimento sistêmico, especialmente relacionado a processos de tomada de decisão sobre grandes projetos de infraestrutura, mineração e energia. Neste sentido, a  Rede de Pesquisadores em Barragens na Amazônia (Amazon Dams Network - ADN) vem, desde 2012,  acumulado importantes experiências no desenvolvimento de pesquisa e produção de conhecimento sistêmico dos impactos socioecológicos de grandes projetos de barragens e infraestrutura no Brasil e nos Estados Unidos. Como resultado, em 2022, professores da Universidade Federal de Rondônia (Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente), da Universidade da Florida (Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical e Escola de Ciências Florestais, Pesqueiras e Geomáticas - Tropical Conservation and Development Program and School of Forest, Fisheries and Geomatics Sciences) e da Universidade de São Paulo (Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade da Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH) uniram esforços e criaram uma disciplina conjunta para alunos da pós-graduação com objetivo de discutir sobre como as bases teóricas dos Sistemas Socioecológicos podem auxiliar as lacunas existentes em Avaliação de Impacto Ambiental, Governança Ambiental e Gestão Adaptativa, frente aos impactos socioecológicos negativos das fases de planejamento, implantação e operação de grandes projetos de barragens e infraestrutura, usando estudo de casos reais e locais.\nA primeira edição da disciplina reuniu cerca de 20 alunos de pós-graduação destas e de outras universidades e resultou num conjunto de 5 artigos aqui publicados e que aportam reflexões sobre o significado da incorporação de abordagens baseadas em Sistemas Socioecológicos em processos de planejamento e gestão ambiental.\nO primeiro artigo apresenta uma Abordagem dos sistemas socioecológicos como lente teórica para pesquisas em Ciência Ambiental, contemplando um histórico e principais características e discute o potencial da abordagem teórica de sistemas socioecológicos para compreender a realidade complexa e suas relações socioecológicas. O segundo artigo discute se A exploração energética na Amazônia Brasileira é a melhor solução energética, Trazendo como estudo de caso a Terra Indígena Cajuhiri Atravessado considerando a abordagem de sistema socioecológico (SSE) proposto por Ostrom para análise dos impactos no ecossistema. Demostram que o processo de desenvolvimento capitalista na região Amazônica vem causando efeitos decisivos na perda de identidade, território e cultura indígena. O terceiro artigo discute A Construção da ponte Rondon-Rosevelt e a Expansão da malha urbana em Porto Velho, ressaltando que as obras de infraestrutura (como pontes e estradas) são um meio das sociedades humanas aumentarem o domínio sobre o ambiente ao seu redor, abrindo espaço para outros avanços predatórios na região, dando como exemplo a ocupação predatória que vem ocorrendo na Rodovia BR-319.  O quarto artigo intitulado Saúde humana e ambiente: os impactos da Usina de Santo Antônio sobre a Comunidade de Teotônio no Rio Madeira (Porto Velho, Rondônia) explorar as tendências de doenças após a construção de hidrelétricas no município e estado, mostrando aumento de doenças após a construção de barragens. Embora este estudo não possa atribuir o aumento de doenças às barragens, ele destaca a necessidade crítica de estudar tendências e mecanismos de como as grandes infraestruturas impactam a saúde humana. O quinto artigo discute a Resiliência em face ao desastre analisando o sistema socio ecológico da comunidade ribeirinha de Degredo, as margens do Rio Doce (MG) após o rompimento da barragem do Fundão (novembro de 2015) que liberou rejeitos tóxicos de mineração mais de 600 quilômetros rio abaixo. Os autores demostram que os impactos incluíram perdas no modo de vida ancestral da comunidade e nos costumes locais, dizimação da pesca e dos ecossistemas locais e impactos negativos duradouros na saúde humana.\nCarolina Rodrigues da Costa Doria - carolinarcdoria@unir.br\nEvandro Mateus Moretto - evandromm@usp.br\nStephanie Ana Bohlman - sbohlman@ufl.edu\n ","PeriodicalId":177558,"journal":{"name":"Revista de Administração e Negócios da Amazônia","volume":"20 3","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-01-14","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista de Administração e Negócios da Amazônia","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.18361/2176-8366/rara.v15n1p1-5","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract

Edição temática: Impactos Socioecológicos de Grandes Projetos de Infraestrutura e Energia na Amazônia   As demandas pela implantação de grandes projetos de infraestrutura, de produção de energia e de exploração mineral tem sido uma preocupação crescente em regiões que guardam importantes diversidades biológicas e de modos de vida locais. Apresentam-se por justificativas que vão desde a pretensa possibilidade de ofertar alternativas para o desenvolvimento local, até a necessidade de redução de emissões de gases do efeito estufa, como é o caso dos grandes projetos hidrelétricos. Na América Latina, grande parte destes projetos avança sobre a fronteira Amazônica, em locais bastantes preservados, com grande potencial de causar significativos aos negativos impactos socioecológicos, em decorrência de mudanças na paisagem, perda de biodiversidade, da cobertura florestal e dos meios de subsistência e modos de vida das comunidades locais. São exemplos recentes e atuais, as usinas hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio, Belo Monte, Tabajara (em análise) e a binacional Brasil-Bolívia, a rodovia federal BR-319, o projeto de exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, além das diversas iniciativas de mineração e de garimpo. Frente a este cenário, os instrumentos de política ambiental ainda são insuficientes para a avaliação dos impactos negativos derivados destes tipos de projetos, já que são tradicionalmente focados em análises individualizadas dos componentes físico, biótico e socioeconômico do meio, carecendo de abordagens integradoras e síntese que favoreçam e melhor compreensão sobre as relações entre estes compartimentos que são afetadas. Este é o caso de processos de Licenciamento e Avaliações de Impactos Ambientais que, ainda que necessários, são sempre insuficientes para revelar como as propriedades sistêmicas de propriedades sistêmicas de resiliência, vulnerabilidades e governança locais são afetadas, quando implementados de forma isolada dos outros instrumentos de política ambiental integradores. É premente, portanto, a necessidade de fortalecimento de abordagens e ferramentas que permitam uma visão mais holista dos impactos que grandes projetos de infraestrutura, mineração e energia possam imprimir nos sistemas locais, baseando-se, sobretudo, nas relações emergentes que existem entre os componentes biofísico e socioeconômico dos sistemas socioecológicos locais. Este desafio não é uma tarefa trivial e tampouco consolidada, mas um caminho irrenunciável para que os impactos negativos sobre os sistemas socioecológicos locais, enquanto fenômenos sistêmicos e complexos, possam ser mais bem compreendidos, avaliados e endereçados para as devidas práticas de prevenção, mitigação, restauração e gestão adaptativa. As abordagens baseadas no conceito de Sistemas Socioecológicos emergiram a partir da década 1980, reconhecendo-se que as ferramentas de avaliação de impactos tradicionais, embora necessárias, não favoreciam sínteses capazes de representar as relações existentes entre os componentes bióticos, físicos e socioeconômicos de um sistema ambiental, endereçando-os para os processos decisórios. Para isso, a ideia de Sistemas Socioecológicos pautou-se pela premissa de que a melhor compreensão da dinâmica dos sistemas ambientais reside na compreensão das relações de interdependência e dos laços de retroalimentação (Resilience Alliance, 2010) que existem entre os seus componentes culturais, políticos, sociais, econômicos, ecológicos, tecnológicos (Ostrom, 2009; Folke et al., 2010). Esta é, portanto, a primeira premissa que molda as abordagens baseadas em Sistemas Socioecológicos: reconhecer que o todo do universo ambiental a ser compreendido vai muito além das dinâmicas e estruturas internas dos componentes físico, biótico e socioeconômico, incluindo necessariamente a diversidade de propriedades que emergem dos relacionamentos entre estes compartimentos. Porém, estas relações múltiplas dotam os Sistemas Socioecológicos de natureza complexa, com estruturas heterogêneas e de dinâmicas imprevisíveis, impossíveis de serem diagnosticadas e prognosticadas a partir de abordagens baseadas em racionalidade linear (Moretto et al, 2021). Esta é outra premissa dos Sistemas Socioecológicos que acarreta desafios substanciais para a produção de conhecimento e para processos de tomada de decisão, mas que devem ser prontamente reconhecidas pelos processos contemporâneos de planejamento e gestão ambiental. Ainda que os Sistemas Socioecológicos sejam um campo de cerca de 40 anos, restam importantes lacunas sobre como a sua aplicação em planejamento e gestão ambiental pode auxiliar a produzir conhecimento sistêmico, especialmente relacionado a processos de tomada de decisão sobre grandes projetos de infraestrutura, mineração e energia. Neste sentido, a  Rede de Pesquisadores em Barragens na Amazônia (Amazon Dams Network - ADN) vem, desde 2012,  acumulado importantes experiências no desenvolvimento de pesquisa e produção de conhecimento sistêmico dos impactos socioecológicos de grandes projetos de barragens e infraestrutura no Brasil e nos Estados Unidos. Como resultado, em 2022, professores da Universidade Federal de Rondônia (Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente), da Universidade da Florida (Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical e Escola de Ciências Florestais, Pesqueiras e Geomáticas - Tropical Conservation and Development Program and School of Forest, Fisheries and Geomatics Sciences) e da Universidade de São Paulo (Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade da Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH) uniram esforços e criaram uma disciplina conjunta para alunos da pós-graduação com objetivo de discutir sobre como as bases teóricas dos Sistemas Socioecológicos podem auxiliar as lacunas existentes em Avaliação de Impacto Ambiental, Governança Ambiental e Gestão Adaptativa, frente aos impactos socioecológicos negativos das fases de planejamento, implantação e operação de grandes projetos de barragens e infraestrutura, usando estudo de casos reais e locais. A primeira edição da disciplina reuniu cerca de 20 alunos de pós-graduação destas e de outras universidades e resultou num conjunto de 5 artigos aqui publicados e que aportam reflexões sobre o significado da incorporação de abordagens baseadas em Sistemas Socioecológicos em processos de planejamento e gestão ambiental. O primeiro artigo apresenta uma Abordagem dos sistemas socioecológicos como lente teórica para pesquisas em Ciência Ambiental, contemplando um histórico e principais características e discute o potencial da abordagem teórica de sistemas socioecológicos para compreender a realidade complexa e suas relações socioecológicas. O segundo artigo discute se A exploração energética na Amazônia Brasileira é a melhor solução energética, Trazendo como estudo de caso a Terra Indígena Cajuhiri Atravessado considerando a abordagem de sistema socioecológico (SSE) proposto por Ostrom para análise dos impactos no ecossistema. Demostram que o processo de desenvolvimento capitalista na região Amazônica vem causando efeitos decisivos na perda de identidade, território e cultura indígena. O terceiro artigo discute A Construção da ponte Rondon-Rosevelt e a Expansão da malha urbana em Porto Velho, ressaltando que as obras de infraestrutura (como pontes e estradas) são um meio das sociedades humanas aumentarem o domínio sobre o ambiente ao seu redor, abrindo espaço para outros avanços predatórios na região, dando como exemplo a ocupação predatória que vem ocorrendo na Rodovia BR-319.  O quarto artigo intitulado Saúde humana e ambiente: os impactos da Usina de Santo Antônio sobre a Comunidade de Teotônio no Rio Madeira (Porto Velho, Rondônia) explorar as tendências de doenças após a construção de hidrelétricas no município e estado, mostrando aumento de doenças após a construção de barragens. Embora este estudo não possa atribuir o aumento de doenças às barragens, ele destaca a necessidade crítica de estudar tendências e mecanismos de como as grandes infraestruturas impactam a saúde humana. O quinto artigo discute a Resiliência em face ao desastre analisando o sistema socio ecológico da comunidade ribeirinha de Degredo, as margens do Rio Doce (MG) após o rompimento da barragem do Fundão (novembro de 2015) que liberou rejeitos tóxicos de mineração mais de 600 quilômetros rio abaixo. Os autores demostram que os impactos incluíram perdas no modo de vida ancestral da comunidade e nos costumes locais, dizimação da pesca e dos ecossistemas locais e impactos negativos duradouros na saúde humana. Carolina Rodrigues da Costa Doria - carolinarcdoria@unir.br Evandro Mateus Moretto - evandromm@usp.br Stephanie Ana Bohlman - sbohlman@ufl.edu  
专题:亚马逊地区大型基础设施和能源项目的社会生态影响。
专题:亚马逊地区大型基础设施和能源项目对社会生态的影响 在保留着重要的生物多样性和当地生活方式的地区,实施大型基础设施、能源生产和矿产勘探项目的需求日益受到关注。在拉丁美洲,大多数此类项目都是在亚马逊河流域的边疆地区实施的,这些地区尚未受到破坏,但由于景观的改变、生物多样性的丧失、森林植被的破坏以及当地社区的生计和生活方式的改变,这些项目极有可能对社会生态产生重大的负面影响。最近和当前的例子包括 Jirau、Santo Antônio、Belo Monte、Tabajara 水电站(正在分析中)和巴西-玻利维亚两国大坝、BR-319 联邦高速公路、巴西赤道边缘的石油勘探项目以及各种采矿和 garimpo 计划。在此背景下,环境政策工具仍不足以评估这些类型项目的负面影响,因为它们传统上侧重于对环境的物理、生物和社会经济组成部分进行个性化分析,缺乏有利于更好地理解这些受影响部分之间关系的综合方法和综合性。许可程序和环境影响评估就是这种情况,尽管它们是必要的,但如果脱离其他综合环境政策工具而单独实施,则始终不足以揭示地方复原力、脆弱性和治理的系统特性是如何受到影响的。因此,迫切需要加强各种方法和工具,首先根据当地社会生态系统的生物物理和社会经济组成部分之间新出现的关系,更加全面地看待大型基础设施、采矿和能源项目可能对当地系统产生的影响。这一挑战既不是一项琐碎的任务,也不是一项综合的任务,而是一条不可避免的道路,以确保通过适当的预防、缓解、恢复和适应性管理实践,更好地理解、评估和解决对当地社会生态系统的负面影响,因为这些负面影响是系统性的复杂现象。自 20 世纪 80 年代起,基于社会生态系统概念的方法应运而生,这些方法认识到,传统的影响评估工具虽然必要,但无法提供能够体现环境系统的生物、物理和社会经济组成部分之间关系的综合方法,也无法在决策过程中处理这些关系。为此,社会生态系统的概念基于这样一个前提:对环境系统动态的最佳理解在于理解其文化、政治、社会、经济、生态和技术组成部分之间存在的相互依存关系和反馈回路(复原力联盟,2010 年)(Ostrom,2009 年;Folke 等人,2010 年)。因此,这是形成基于社会生态系统的方法的第一个前提:认识到所要理解的整个环境宇宙远远超出了物理、生物和社会经济组成部分的内部动态和结构,必然包括这些组成部分之间的关系所产生的各种属性。 然而,这些多重关系赋予了社会生态系统复杂的性质、异质的结构和不可预测的动态,这是不可能用基于线性理性的方法来诊断和预测的(Moretto et al, 2021)。虽然社会-生态系统论已有 40 年的历史,但在如何将其应用于环境规划和管理以帮助产生系统知识方面,尤其是在大型基础设施、采矿和能源项目的决策过程中,仍存在重大差距。
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