{"title":"Previsibilidade, Tempo e Direito Reprodutivo","authors":"A. Martins","doi":"10.21680/1982-1662.2024v7n39id32681","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"\n\n\nO Brasil vive uma epidemia de cesáreas com uma taxa de mais de 55% de partos cirúrgicos no ano de 2018, liderando o ranking mundial. Isso contraria as recomendações da Organização Mundial da Saúde e desperta atenção de pesquisadores. Muitos estudos têm apontado para uma “cultura da cesárea” ou “fatores socioculturais”, sem desenvolver o que isso significa. O objetivo deste artigo é contribuir para esta discussão acerca dos fatores socioculturais, e faz isso através de uma análise conceitual, estabelecendo associação entre temporalidade moderna, previsibilidade, violência obstétrica, e índices de cesáreas como via de nascimento. Enunciamos um problema empírico necessário e pouco explorado conceitualmente, e acionamos bibliografias próprias da teoria sociológica contemporânea, construindo um argumento de que o elemento sociocultural que contribui para as altas taxas de cesáreas no país podem ser traduzidos em desejo por segurança ontológica e previsibilidade, típicos da modernidade. Sugerimos também uma possível saída, teórica e empírica, que garanta os direitos reprodutivos das mulheres e devolva a elas seu protagonismo.\n\n\n","PeriodicalId":283689,"journal":{"name":"Revista Inter-Legere","volume":"45 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-01-26","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Inter-Legere","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.21680/1982-1662.2024v7n39id32681","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
O Brasil vive uma epidemia de cesáreas com uma taxa de mais de 55% de partos cirúrgicos no ano de 2018, liderando o ranking mundial. Isso contraria as recomendações da Organização Mundial da Saúde e desperta atenção de pesquisadores. Muitos estudos têm apontado para uma “cultura da cesárea” ou “fatores socioculturais”, sem desenvolver o que isso significa. O objetivo deste artigo é contribuir para esta discussão acerca dos fatores socioculturais, e faz isso através de uma análise conceitual, estabelecendo associação entre temporalidade moderna, previsibilidade, violência obstétrica, e índices de cesáreas como via de nascimento. Enunciamos um problema empírico necessário e pouco explorado conceitualmente, e acionamos bibliografias próprias da teoria sociológica contemporânea, construindo um argumento de que o elemento sociocultural que contribui para as altas taxas de cesáreas no país podem ser traduzidos em desejo por segurança ontológica e previsibilidade, típicos da modernidade. Sugerimos também uma possível saída, teórica e empírica, que garanta os direitos reprodutivos das mulheres e devolva a elas seu protagonismo.