{"title":"TRAVESTILIDADES E DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA (1964-1985): HISTÓRIA, INVISIBILIDADES E AS SEXUALIDADES CONSIDERADAS DISSIDENTES","authors":"Bruno do Prado Alexandre","doi":"10.55028/th.v13i25.19413","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Este trabalho propõe uma discussão sobre travestilidades e suas interfaces com a ditadura civil-militar brasileira. Reconhecer que as travestilidades possuem uma história é algo que identifica as travestis enquanto sujeitas históricas que interagem a todo tempo com o cenário social ao qual estão inseridas. Produzir narrativas em torno dessas identidades implica em um esforço epistemológico em direção à identificação das fontes e às indagações, ante os silêncios, indiferenças e ausências da História. Por meio de fontes audiovisuais, é possível inquirir os silêncios acerca das travestilidades em interface com o cenário autoritário vivenciado no Brasil e fazer emergir outras possibilidades nesse processo por visibilidade e disputa por memórias e narrativas. A ideia de uma suposta decadência moral e social e a compreensão em torno do combate por vias morais e sexuais fez com que as sexualidades localizadas dentro das dissidências normativas se tornassem alvo de práticas violentas de encarceramento e eliminação, que filiadas à perspectivas higienizadoras buscaram “limpar” dos espaços urbanos aqueles e aquelas que “poluíam” e “corrompiam” a duvidosa coerência e homogeneidade dos espaços normativos. Marcas de classe e raça, nesses termos, atenuaram e potencializam a abjeção a esses corpos. É fundamental que a história seja compreendida como fruto de disputas e processos interpretativos que, condicionados por dispositivos de poder, pode desconstruir e nobilitar as histórias sobre o período ditatorial, tão marcado pela presença masculina, trazendo à baila outras perspectivas miradas a partir de narrativas dissidentes.","PeriodicalId":335903,"journal":{"name":"Revista Trilhas da História","volume":" 18","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-01-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Trilhas da História","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.55028/th.v13i25.19413","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Este trabalho propõe uma discussão sobre travestilidades e suas interfaces com a ditadura civil-militar brasileira. Reconhecer que as travestilidades possuem uma história é algo que identifica as travestis enquanto sujeitas históricas que interagem a todo tempo com o cenário social ao qual estão inseridas. Produzir narrativas em torno dessas identidades implica em um esforço epistemológico em direção à identificação das fontes e às indagações, ante os silêncios, indiferenças e ausências da História. Por meio de fontes audiovisuais, é possível inquirir os silêncios acerca das travestilidades em interface com o cenário autoritário vivenciado no Brasil e fazer emergir outras possibilidades nesse processo por visibilidade e disputa por memórias e narrativas. A ideia de uma suposta decadência moral e social e a compreensão em torno do combate por vias morais e sexuais fez com que as sexualidades localizadas dentro das dissidências normativas se tornassem alvo de práticas violentas de encarceramento e eliminação, que filiadas à perspectivas higienizadoras buscaram “limpar” dos espaços urbanos aqueles e aquelas que “poluíam” e “corrompiam” a duvidosa coerência e homogeneidade dos espaços normativos. Marcas de classe e raça, nesses termos, atenuaram e potencializam a abjeção a esses corpos. É fundamental que a história seja compreendida como fruto de disputas e processos interpretativos que, condicionados por dispositivos de poder, pode desconstruir e nobilitar as histórias sobre o período ditatorial, tão marcado pela presença masculina, trazendo à baila outras perspectivas miradas a partir de narrativas dissidentes.