{"title":"O \"CASO DOS ANGOLANOS”: PRISÕES E TORTURA DE ESTUDANTES AFRICANOS DURANTE O GOLPE CIVIL-MILITAR DE 1964 NO BRASIL","authors":"Viviane De Souza Lima","doi":"10.55028/th.v13i25.19328","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Em 1964, logo após o golpe civil-militar que derrubou o governo de João Goulart (1961-1964), um grupo de estudantes africanos, que estava legalmente no País, foi vítima do autoritarismo e da violência da ditadura. Em nossa pesquisa, identificamos seis estudantes que foram presos sob acusação de atividade subversiva e antibrasileira em território nacional, mas sem qualquer prova. O revés diplomático é ainda mais escandaloso porque dois deles haviam sido bolsistas do Ministério das Relações Exteriores. O caso mais grave foi do angolano José Lima de Azevedo, encarcerado por mais de 400 dias e torturado. O mais absurdo é que, anos antes, em 1961, o governo brasileiro instituiu uma política externa que priorizava a África como aliada comercial e criou o programa de bolsas de estudos para africanos. O objetivo deste artigo é compreender como a ditadura brasileira se prestou a servir como um braço da Polícia Política Portuguesa (PIDE) que, segundo documentos encontrados nesta pesquisa, atuava no Brasil para coibir a rede de solidariedade do Movimento Afro-Brasileiro Pró-Libertação de Angola (MABLA). Pretendemos evidenciar e problematizar os verdadeiros motivos da prisão dos estudantes africanos e quais foram as forças envolvidas para se evitar que o governo militar os enviasse para Portugal, onde, provavelmente, seriam punidos pela polícia repressora do governo de António de Oliveira Salazar (1889 – 1970).","PeriodicalId":335903,"journal":{"name":"Revista Trilhas da História","volume":" 28","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2024-01-13","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Trilhas da História","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.55028/th.v13i25.19328","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Em 1964, logo após o golpe civil-militar que derrubou o governo de João Goulart (1961-1964), um grupo de estudantes africanos, que estava legalmente no País, foi vítima do autoritarismo e da violência da ditadura. Em nossa pesquisa, identificamos seis estudantes que foram presos sob acusação de atividade subversiva e antibrasileira em território nacional, mas sem qualquer prova. O revés diplomático é ainda mais escandaloso porque dois deles haviam sido bolsistas do Ministério das Relações Exteriores. O caso mais grave foi do angolano José Lima de Azevedo, encarcerado por mais de 400 dias e torturado. O mais absurdo é que, anos antes, em 1961, o governo brasileiro instituiu uma política externa que priorizava a África como aliada comercial e criou o programa de bolsas de estudos para africanos. O objetivo deste artigo é compreender como a ditadura brasileira se prestou a servir como um braço da Polícia Política Portuguesa (PIDE) que, segundo documentos encontrados nesta pesquisa, atuava no Brasil para coibir a rede de solidariedade do Movimento Afro-Brasileiro Pró-Libertação de Angola (MABLA). Pretendemos evidenciar e problematizar os verdadeiros motivos da prisão dos estudantes africanos e quais foram as forças envolvidas para se evitar que o governo militar os enviasse para Portugal, onde, provavelmente, seriam punidos pela polícia repressora do governo de António de Oliveira Salazar (1889 – 1970).