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Abstract
Este ensaio parte das situações de “reencontro” em filmes-processo para sugerir um mapa, ainda em aberto, de cotejos entre Cabra marcado para morrer (assim como o filme subsequente A família de Elizabeth Teixeira) e a trilogia de Vincent Carelli (constituída por Corumbiara, Martírio e Adeus, Capitão). Toma-se, para tanto, as cenas de reencontro, seja entre pessoas, seja com as imagens de arquivo, para perceber afinidades e diferenças entre os trabalhos, caracterizando assim dois modos, entre outros tantos possíveis, de um cinema político no Brasil. Se no primeiro modo, tendo sua experiência interrompida, o filme se torna processo, no segundo, os processos, registrados ao longo de anos de militância, se tornam filmes. No primeiro, nascido nas ruínas do Golpe, o fragmento acusa um hiato e produz liames, elaborando a história por meio da dialética entre os dois termos; no segundo, nascido de processos de extermínio, o fragmento é enigma que move um trabalho de tradução e narração, sem deixar de guardar a opacidade da experiência narrada, o que provocaria alargar o conceito avaro e restrito de humanidade, tal como forjado pela modernidade ocidental.