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Abstract
Justapondo uma abordagem queer da história da arte com a análise fílmica, este artigo propõe uma reconfiguração da discussão sobre a relação entre arte e sujeitos não heterossexuais, abandonando uma noção de mera representação, em direção a uma reflexão sobre genderização e queerização do ato criativo. Com base nos trabalhos de teóricos como Reed (2011), Dyer (2002) e Halperin (2012), a investigação pondera como o gesto artístico pode se tornar um ato de criação queer (Silva, 2021) que, mais do que colocar em evidência uma identidade, é capaz de reelaborar o mundo e a própria arte – tanto como processo quanto como obra – a partir de subjetividades não normativas. Em seguida, o autor examina, utilizando a metodologia proposta pela Teoria dos Cineastas, como essa hipótese se concretiza no filme Retrato de uma Jovem em Chamas (Céline Sciamma: 2019). Por meio de uma análise do filme e do discurso de sua diretora, a investigação demonstra como a cineasta francesa queeriza não apenas suas personagens principais, mas a história da arte e o processo criativo, por meio da ideia de um romance e de um trabalho artístico baseados em horizontalidade e igualdade de olhares: o dela como diretora; os de suas duas protagonistas; e o do espectador. A partir desse mise-en-regard encenado no filme, o artigo infere como a arte, na sua relação com sujeitos não heterossexuais, pode ir além da noção de representação e visibilidade, tornando-se uma ferramenta capaz de construir utopias queer a partir das subjetividades e experiências de seus/uas criadores/as.