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Abstract
No contexto da república de Tlaxcala sob a dominação espanhola no período colonial, a historiografia estava destinada a enfatizar as singularidades locais, não só para preservar as memórias relevantes, mas também para garantir os privilégios e a relativa autonomia que a província possuía na organização política da Nova Espanha. Revisitar as obras pictográficas e pictóricas, os anales, as crônicas, as peças teatrais e outros escritos e representações que conformam essa tradição nos obriga a discutir, e a repensar, a noção de “autor” que se depreende dessas produções. Mesmo quando, em alguns casos, essas obras possam estar atreladas a um nome próprio, colecionador, leitor, copista, continuador, sujeito coletivo, arquivista, compilador, trânsitos entre línguas escritas e oralidades são algumas das atribuições, práticas e características que, de toda forma, devem ser consideradas quando se discute a autoria. Trata-se de atribuições que são certamente diferentes das que se associam à figura do autor nas letras modernas ocidentais. Este trabalho pretende apresentar e discutir essas diferenças, que permitem analisar como se elaboravam os discursos historiográficos a partir de perspectivas e necessidades indígenas, e qual era o estatuto dos escribas, cronistas e pintores encarregados de cumprir essa tarefa.