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Abstract
O presente relato etnográfico é parte de uma pesquisa que foi conduzida nos espaços burocráticos judiciais do Foro Central I em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, durante julho de 2021 a julho de 2022. O objetivo inicial da pesquisa foi a imersão no que chamei de Rede Judiciária, a fim de identificar, rastrear e conhecer os atores, práticas, artefatos e relações estabelecidas cotidianamente nesse espaço-tempo do Poder Judiciário. A compreensão da circulação nesse espaço ocorreu por meio da observação das práticas cotidianas que dão sentido e coesão à performance desse poder normativo, mas que muitas vezes não são reconhecidas como parte dele. O texto explora a Rede Judiciária, ou seja, os conjuntos de relações que são estabelecidas, vividas e produzem práticas e discursos que são fabricados diariamente pelos diferentes atores desse contexto, muitas vezes escapando o imaginário social sobre a fabricação de processos criminais, atravessados por contingências e agenciamentos que transbordam as hierarquias e os manuais processuais.