{"title":"Introdução ao levantamento da atuação de Flávio de Carvalho no jornalismo cultural brasileiro (1928-1973)","authors":"G. Bordignon, Luiz Carlos De Laurentiz","doi":"10.55905/rmuscv1n3-012","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Ao lado de Gregori Warchavchik e Rino Levi, Flávio de Carvalho foi um dos pioneiros da arquitetura moderna brasileira. Sua formação europeia possibilitou o contato com diversas vanguardas artísticas, assim como entrevistas com Le Corbusier, Marinetti, Breton, Picasso, entre outros. É de sua autoria uma das primeiras manifestações, enquanto projeto, de arquitetura moderna no Brasil, o edifício denominado Eficácia, feito para o concurso do Palácio do Governo de São Paulo (1927). Seu pioneirismo, porém, vai além de uma simples ‘encomenda’ europeia. Carvalho constrói, em sua vasta produção artística, uma poética que engloba diversas linhas de pensamento, seja o filosófico nietzschiano, psicanalítico freudiano, tecnológico, antropológico, urbano e, sobretudo, provocador. Destacam-se, dentro dessas produções, as Experiências 2 e 3 e o texto Uma tese curiosa: a cidade do homem nu, escrito no contexto de sua aproximação com o grupo antropofágico de Oswald e Mário de Andrade. Luiz Osorio aponta que o experimentalismo e a originalidade de Carvalho antecederam diversas manifestações culturais nacionais em anos posteriores; sua obra ainda não tem, contudo, o reconhecimento que deveria. Seu pioneirismo é, de certa maneira, ‘renegado’ pela historiografia da arte e da arquitetura brasileiras. Um dos motivos para esse fato, pode ser exatamente por Flávio de Carvalho ter sido uma ‘alma solitária’, não se engajando por muito tempo em grupos ou temáticas específicas, mas sempre metamorfoseando suas produções, interesses e desejos. O presente artigo investiga sua atuação na imprensa brasileira, abordando jornais, revistas e livros. Elencam-se os temas trabalhados, os períodos de maior produtividade e seu papel no jornalismo cultural brasileiro. Como sugere Rui Moreira Leite, ‘Carvalho não usava a imprensa apenas como veículo de divulgação, mas fazia uso dos meios de comunicação como parte integrante de sua prática artística’. Para tal catalogação, será utilizada a cronologia proposta por Sérgio Cohn no livro Revistas de Invenção: 100 revistas de cultura do modernismo ao século XXI, que divide os períodos das revistas de cultura em seis tempos: 1) 1922 a 1927: modernidade; 2) 1928 a 1949: reflexão; 3) 1950 a 1968: invenção; 4) 1969 a 1979: alternativa; 5) 1980 a 1999: independência e 6) de 2000 adiante: digital. Flávio de Carvalho é atuante na imprensa brasileira nos períodos Reflexão, Invenção e Alternativa. O levantamento de sua produção jornalística e literária foi sintetizado em quadros que serão analisados de acordo com a relevância dos temas e contribuições culturais. O artigo trabalha com a hipótese apontada pela pesquisa Arquitetura Moderna no Brasil e sua recepção nas revistas europeias e brasileiras (1945-1960), de que as revistas têm grande importância na constituição de uma historiografia da arquitetura moderna brasileira através de suas interpretações e posicionamentos, além da divulgação de projetos, obras e ideias. Portanto, o objetivo deste texto é fazer um levantamento das contribuições de Flávio de Carvalho no âmbito da imprensa, com destaque para as participações em revistas do início dos anos 1920 até o ano de sua morte, 1973. Acredita-se que tal levantamento seja uma maneira alternativa de se reconstruir a biografia e a obra de um dos principais pensadores modernos do Brasil.","PeriodicalId":358733,"journal":{"name":"Revista Multidisciplinar do UniSantaCruz","volume":"17 1","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-11-29","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Revista Multidisciplinar do UniSantaCruz","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.55905/rmuscv1n3-012","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Ao lado de Gregori Warchavchik e Rino Levi, Flávio de Carvalho foi um dos pioneiros da arquitetura moderna brasileira. Sua formação europeia possibilitou o contato com diversas vanguardas artísticas, assim como entrevistas com Le Corbusier, Marinetti, Breton, Picasso, entre outros. É de sua autoria uma das primeiras manifestações, enquanto projeto, de arquitetura moderna no Brasil, o edifício denominado Eficácia, feito para o concurso do Palácio do Governo de São Paulo (1927). Seu pioneirismo, porém, vai além de uma simples ‘encomenda’ europeia. Carvalho constrói, em sua vasta produção artística, uma poética que engloba diversas linhas de pensamento, seja o filosófico nietzschiano, psicanalítico freudiano, tecnológico, antropológico, urbano e, sobretudo, provocador. Destacam-se, dentro dessas produções, as Experiências 2 e 3 e o texto Uma tese curiosa: a cidade do homem nu, escrito no contexto de sua aproximação com o grupo antropofágico de Oswald e Mário de Andrade. Luiz Osorio aponta que o experimentalismo e a originalidade de Carvalho antecederam diversas manifestações culturais nacionais em anos posteriores; sua obra ainda não tem, contudo, o reconhecimento que deveria. Seu pioneirismo é, de certa maneira, ‘renegado’ pela historiografia da arte e da arquitetura brasileiras. Um dos motivos para esse fato, pode ser exatamente por Flávio de Carvalho ter sido uma ‘alma solitária’, não se engajando por muito tempo em grupos ou temáticas específicas, mas sempre metamorfoseando suas produções, interesses e desejos. O presente artigo investiga sua atuação na imprensa brasileira, abordando jornais, revistas e livros. Elencam-se os temas trabalhados, os períodos de maior produtividade e seu papel no jornalismo cultural brasileiro. Como sugere Rui Moreira Leite, ‘Carvalho não usava a imprensa apenas como veículo de divulgação, mas fazia uso dos meios de comunicação como parte integrante de sua prática artística’. Para tal catalogação, será utilizada a cronologia proposta por Sérgio Cohn no livro Revistas de Invenção: 100 revistas de cultura do modernismo ao século XXI, que divide os períodos das revistas de cultura em seis tempos: 1) 1922 a 1927: modernidade; 2) 1928 a 1949: reflexão; 3) 1950 a 1968: invenção; 4) 1969 a 1979: alternativa; 5) 1980 a 1999: independência e 6) de 2000 adiante: digital. Flávio de Carvalho é atuante na imprensa brasileira nos períodos Reflexão, Invenção e Alternativa. O levantamento de sua produção jornalística e literária foi sintetizado em quadros que serão analisados de acordo com a relevância dos temas e contribuições culturais. O artigo trabalha com a hipótese apontada pela pesquisa Arquitetura Moderna no Brasil e sua recepção nas revistas europeias e brasileiras (1945-1960), de que as revistas têm grande importância na constituição de uma historiografia da arquitetura moderna brasileira através de suas interpretações e posicionamentos, além da divulgação de projetos, obras e ideias. Portanto, o objetivo deste texto é fazer um levantamento das contribuições de Flávio de Carvalho no âmbito da imprensa, com destaque para as participações em revistas do início dos anos 1920 até o ano de sua morte, 1973. Acredita-se que tal levantamento seja uma maneira alternativa de se reconstruir a biografia e a obra de um dos principais pensadores modernos do Brasil.