{"title":"A coleção dos animais taxidermizados do Museu Escolar do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo","authors":"José Maurício Ismael Madi Filho, Katya Braghini","doi":"10.52192/1984-3917.2023v16n2p72-101","DOIUrl":null,"url":null,"abstract":"Animais taxidermizados apareceram na escola em meados do século XIX, no âmbito de um processo que culminou na entrada das ciências nos currículos e na difusão do método intuitivo de ensino. Tal metodologia tinha por princípio a utilização de coisas e o desenvolvimento da observação na construção da aprendizagem. A generalização do uso de objetos tornados materiais didáticos incidiu diretamente sobre os animais taxidermizados, que passaram a ser comercializados para a escola. O presente artigo tem como objetivo apresentar a coleção de animais taxidermizados do centenário Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo, analisando esse patrimônio escolar como fonte e como objeto de estudo. Este trabalho está dividido em quatro partes. A primeira apresenta brevemente as coleções de taxidermizados e seu uso para o estudo de História Natural. A segunda versa sobre a percepção do animal taxidermizado como objeto cultural e sua apropriação como material didático. A terceira contextualiza a composição da coleção no histórico do Colégio Marista. Por fim, há a apresentação do acervo propriamente dita, seu perfil e sua composição no museu escolar. As análises presentes neste trabalho estão ancoradas na temática da história da ciência e da cultura material escolar e contam com contribuições de autores como Augustín Escolano Benito, Keith Thomas, Marie-Noëlle Bourguet e Pierre-Yves Lacour. A documentação é composta de livros de História Natural, de documentação administrativa e memorialística e da coleção de taxidermizados encontrada no colégio. Para os aspectos mais gerais, mobilizam-se manuais de taxidermia, relatórios das Exposições Universais, catálogos de empresas comerciais etc. Como resultado, conclui-se que animais taxidermizados foram apropriados em razão de seu valor mercadológico e de seu potencial pedagógico como mediador de saberes e práticas ligados ao ensino de Zoologia. A coleção do Colégio Marista reflete basicamente os biomas brasileiros, e vários de seus artefatos buscam recriar os comportamentos dos animais na natureza.","PeriodicalId":199665,"journal":{"name":"Museologia e Patrimônio","volume":"16 24","pages":""},"PeriodicalIF":0.0000,"publicationDate":"2023-12-12","publicationTypes":"Journal Article","fieldsOfStudy":null,"isOpenAccess":false,"openAccessPdf":"","citationCount":"0","resultStr":null,"platform":"Semanticscholar","paperid":null,"PeriodicalName":"Museologia e Patrimônio","FirstCategoryId":"1085","ListUrlMain":"https://doi.org/10.52192/1984-3917.2023v16n2p72-101","RegionNum":0,"RegionCategory":null,"ArticlePicture":[],"TitleCN":null,"AbstractTextCN":null,"PMCID":null,"EPubDate":"","PubModel":"","JCR":"","JCRName":"","Score":null,"Total":0}
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Abstract
Animais taxidermizados apareceram na escola em meados do século XIX, no âmbito de um processo que culminou na entrada das ciências nos currículos e na difusão do método intuitivo de ensino. Tal metodologia tinha por princípio a utilização de coisas e o desenvolvimento da observação na construção da aprendizagem. A generalização do uso de objetos tornados materiais didáticos incidiu diretamente sobre os animais taxidermizados, que passaram a ser comercializados para a escola. O presente artigo tem como objetivo apresentar a coleção de animais taxidermizados do centenário Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo, analisando esse patrimônio escolar como fonte e como objeto de estudo. Este trabalho está dividido em quatro partes. A primeira apresenta brevemente as coleções de taxidermizados e seu uso para o estudo de História Natural. A segunda versa sobre a percepção do animal taxidermizado como objeto cultural e sua apropriação como material didático. A terceira contextualiza a composição da coleção no histórico do Colégio Marista. Por fim, há a apresentação do acervo propriamente dita, seu perfil e sua composição no museu escolar. As análises presentes neste trabalho estão ancoradas na temática da história da ciência e da cultura material escolar e contam com contribuições de autores como Augustín Escolano Benito, Keith Thomas, Marie-Noëlle Bourguet e Pierre-Yves Lacour. A documentação é composta de livros de História Natural, de documentação administrativa e memorialística e da coleção de taxidermizados encontrada no colégio. Para os aspectos mais gerais, mobilizam-se manuais de taxidermia, relatórios das Exposições Universais, catálogos de empresas comerciais etc. Como resultado, conclui-se que animais taxidermizados foram apropriados em razão de seu valor mercadológico e de seu potencial pedagógico como mediador de saberes e práticas ligados ao ensino de Zoologia. A coleção do Colégio Marista reflete basicamente os biomas brasileiros, e vários de seus artefatos buscam recriar os comportamentos dos animais na natureza.